Estrutura operacional assegura buscas nas 24 horas aos desaparecidos no prédio da SSP

Estrutura operacional assegura buscas nas 24 horas aos desaparecidos no prédio da SSP

Na tarde desta quarta-feira estão mobilizados 115 profissionais que dispõem de todos os recursos

Correio do Povo

Toda a área foi dividida por setores

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Uma completa estrutura operacional foi montada para o trabalho ininterrupto de combate ao fogo e resfriamento da área, seguido das buscas aos dois bombeiros militares desaparecidos com remoção dos escombros, onde ficava a sede da Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP), em Porto Alegre. O prédio da SSP desabou após incêndio ocorrido há uma semana.

Na tarde desta quarta-feira estão mobilizados 115 profissionais, entre bombeiros militares e técnicos. Existem oito células com 43 militares das Forças de Resposta Rápida do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) atuando no trabalho de busca e resgate em estruturas colapsadas. Uma célula das equipes de busca e salvamento, com sete militares, também opera nas incursões na área de escombros.

Em paralelo, o trabalho de remoção de escombros é realizado com quatro retroescavadeiras e retaguarda de caminhões caçambas, visando ampliar os acessos ao interior do prédio desabado. A principal meta neste momento é localizar o 1º tenente Deroci de Almeida da Costa, 46 anos, e o 2º sargento Lúcio Ubirajara de Freitas Munhós, 51 anos.

Foto: Alina Souza

Protocolos

O CBMRS adotou desde o início o Sistema de Comando de Incidentes (SCI), que indica os procedimentos a serem obedecidos. Toda a área onde ficava a SSP recebeu pontos numerados que indicam cada uma das estruturas instaladas no terreno.

Localizado no centro do terreno, bem de frente para o meio do prédio da SSP, em uma área com alcance visual para toda a área da ocorrência, está instalada uma estrutura de lona do CBMRS onde fica o Posto do Comando de Operações. Nesta base, o comandante do 1° Batalhão de Bombeiro Militar, tenente-coronel Eduardo Estevam Rodrigues, coordenador de toda a operação, emite todas as orientações aos oficiais e define o trabalho das equipes de serviço.

Segundo a SSP, por radiocomunicador, a equipe de apoio do comando de operações se comunica com todo efetivo empregado, desde os que atuam na área afetada até o monitoramento da portaria, estacionamento de viaturas e controle do revezamento de equipes a cada turno. Para acompanhar a presença de cada uma das pessoas no terreno, existe um quadro que é atualizado a cada nova chegada. Os líderes de cada equipe precisam informar o nome de cada membro, inclusive os binômios (dupla homem e cão) na entrada e na saída de cada turno.

Ao lado do Posto de Comando de Operações encontra-se ainda uma outra estrutura semelhante de lona com uma grande mesa de reuniões e um quadro de avisos, que serve como apoio para eventuais necessidades de análises de documentação e outros documentos relacionados ao trabalho de busca e resgate. É também um ponto de parada para encontros rápidos que são realizados a todo momento para encaminhar decisões no terreno. Nela são feitos os planejamentos.

Conforme a SSP, a zona de impacto ainda oferece riscos, sobretudo de novos desabamentos. A ação primária das equipes é a remoção de escombros com ferramentas leves e auxílio de maquinário pesado, próprio para a atividade. É empregado também equipamento de captação de sons, além da técnica de chamada e escuta, que consiste em, num ambiente de silêncio, chamar pelas vítimas aguardando uma resposta qualquer que seja.

Outra ação é a busca com cães em um perímetro delimitado de segurança. Neste trabalho, os binômios (dupla homem e cão) são utilizados com a finalidade de identificar, dentro da especificidade de treinamento de cada cão, sinais como sons e cheiros que possam apontar a localização de vítimas.

Houve a abertura de dois acessos ao prédio, um pela lateral na entrada da Ala Sul, e outro na parede frontal da fachada do anexo, logo em frente à edificação, onde funcionava o Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI).

De acordo ocom a SSP, caso algum servidor envolvido na operação necessite de atendimento psicológico ou médico estão à disposição as ambulâncias de resgate do CBMRS e uma estrutura da Cruz Vermelha. A barraca dispõe de garrafas de água e máscaras de proteção contra a Covid-19, bem como luvas e materiais de primeiro socorro.

A instalação tem presença 24 horas, com revezamento de turnos por 12 profissionais, sendo cinco psicólogos, três agentes de logística, três agentes de gestão de risco e uma estudante de psicologia.

Desde a quinta-feira, no dia seguinte ao incêndio, a equipe já realizou 21 atendimentos que vão desde a escuta aos militares que atuam nas buscas como também acolhimento aos familiares das vítimas. As seções têm o objetivo de ajudar os servidores e parentes dos desaparecidos a lidar com o conflito de emoções e sentimentos, a angústia pelo tempo de espera, o cansaço pelo trabalho ininterrupto e questões relacionadas ao fato que mais impactam cada um dos atendidos. A busca por informações é direcionada aos canais oficiais.

No terreno da SSP foi montado ainda um alojamento para descanso dos efetivos empregados. A estrutura montada pelo CBMRS dentro dos galpões que ficam na entrada do terreno contém espaços com cerca de 20 beliches para repouso e consequente revezamento das equipes envolvidas. O local fechado abriga as equipes do frio e de eventual chuva.

A tenda do refeitório fica ao lado do alojamento, com mesas e cadeiras para as refeições. A alimentação, em um primeiro momento, foi viabilizada mediante processo de dispensa de licitação e, após, em uma contratação emergencial pelo CBMRS. O Exército Brasileiro, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), além da comunidade e entidade de classe, por iniciativa própria e voluntária, também alcançaram gêneros em complemento aos adquiridos.

Conforme a SSP, uma outra tenda abriga equipes da Defesa Civil em âmbito estadual e municipal, além de engenheiros que auxiliam na análise estrutural do prédio. O local é utilizado para reuniões e para a avaliação dos materiais recolhidos pelos profissionais, bem como para o assessoramento sobre a abordagem ao prédio e necessidade de escoramentos e utilização de maquinário pesado para evitar novos desabamentos parciais de partes da construção que ficaram em suspenso na estrutura colapsada.

Mais duas tendas encontram-se lado a lado no pátio da SSP. Tratam-se do posto onde as equipes de trabalho se preparam para ingressar na área de impacto, conferindo o efetivo de cada frente de ação dentro da estrutura colapsada do prédio, os equipamentos e ferramentas necessários e a definição das tarefas de cada militar.

A área de espera melhora a segurança dos envolvidos e otimiza o emprego de recursos, facilitando a entrada oportuna e controlada de pessoas no terreno da SSP, proporcionando um local de chegada de pessoal e estacionamento de veículos, equipamentos e ferramentas. O local tem rotas diferentes de entrada e saída e acomoda os recursos disponíveis, podendo expandir-se caso o incidente necessite. É nela também que foram instalados quatro banheiros químicos. Os militares também têm à disposição os banheiros do prédio do futuro Centro Regional de Excelência em Perícias Criminais, que fica no terreno ao lado.

Em todas as entradas do complexo da SSP foi criado um forte esquema de segurança com vigilantes da empresa privada que já fazia o controle dos acessos. Os vigilantes permanecem nos locais 24 horas, conferindo a identificação de cada uma das pessoas que ingressam no terreno apenas mediante a autorização do comando de operações. A segurança de toda a área também conta com o apoio de efetivos da Brigada Militar e de agentes do Departamento de Inteligência da Segurança Pública da SSP, bem como de servidores das divisões de inteligência das demais vinculadas.


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