Evento aborda importância da reciclagem dos resíduos em Porto Alegre
Atividade ocorreu, neste sábado, na Feira de Agricultores Ecologistas (FAE) e Feira Ecológica do Bom Fim (FEBF)
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A conscientização sobre a importância da reciclagem dos resíduos, orgânico ou não, foi o principal objetivo da atividade “A Virada nas Feiras Ecológicas-Como fazer do lixo uma solução”, realizada na manhã deste sábado, na Feira de Agricultores Ecologistas (FAE) e Feira Ecológica do Bom Fim (FEBF), na avenida José Bonifácio, ao lado da Redenção, em Porto Alegre.
Fardos de materiais, como latinhas de alumínio, caixinhas de leite e sacolas plásticas, indicando visualmente a gravidade do problema, foram exibidos ao longo do corredor entre as duas feiras. A iniciativa contou com a participação da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (ASCAT).
A embaixadora do Movimento Lixo Zero Porto Alegre, Lixo Zero, engenheira sanitarista ambiental Paula Moletta, explicou que o primeiro passo é separar os resíduos por conceitos, como por exemplo reciclado, compostável, perigoso e não reciclado.
“O carro-chefe é a compostagem. Um quilo de resíduo que a pessoa gera por dia, 50% é de matéria orgânica…”, frisou. Segundo ela, a compostagem pode ser feita tanto em residência como em apartamento. “Gasta-se dinheiro público enterrando matéria orgânica dentro de uma sacola plástica que leva mais de 400 anos para se decompor...”, lamentou.
Paula Moletta ressaltou que as pessoas podem baixar um e-book, disponível no site do Movimento Lixo Zero Porto Alegre, sobre como “por onde começar” o processo de compostagem.
Constatando que o envolvimento com reciclagem ainda é pequeno na Capital, ela explicou que uma saída para mudar a situação é introduzir por lei municipal o incentivo à compostagem. “A ideia é um IPTU Verde para quem tem práticas sustentáveis em casa”, assinalou.
“O objetivo da Virada Sustentável, que termina no próximo dia 21, é trazer este debate para a população. Porto Alegre pode ser mais sustentável e que a gente pode como cidadão fazer nosso papel e aí sim podemos cobrar do poder público”, enfatizou Paula Moletta. “Práticas como minhocários, mesmo em apartamentos, e o manejo e descarte corretos do resíduo reciclável são atitudes ecológicas e cidadãs. Se cada um fizer a sua parte, teremos um enorme impacto positivo para toda a humanidade”, concluiu.
Há dois anos, a Feira de Agricultores Ecologistas e a Feira Ecológica do Bom Fim aboliram as sacolas plásticas. O próprio público leva as próprias sacolas de panos para carregar os produtos exclusivamente orgânicos. Mesmo com a pandemia, cerca de 10 mil pessoas frequentam atualmente as ambas sempre nas manhãs de sábados, sendo atendidas diretamente pelos produtores em torno de 150 bancas nas duas quadras.
Já o pesquisador da Ufrgs, Alex Cardoso, da Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis da Cavalhada (ASCAT), ressaltou que a atividade visou também “debater o impacto dos resíduos no planeta”. Conforme ele, os resíduos não devem poluir a natureza, mas deve-se fazer com que “retorne ao ciclo natural”.
Alex Cardoso observou que a reciclagem reduz os gastos públicos no gerenciamento do lixo e ainda contribui para a geração de renda. “O custo para aterrar é de R$ 3,3 milhões por mês, para levar ao aterro é R$ 2 milhões e fazer a coleta é mais R$ 3,3 milhões. Todo este custo é um prejuízo para todo”, estimou.
“Apenas 1,92% dos resíduos são reciclados em Porto Alegre”, calculou. Ele apontou que a Capital produz 1,7 tonelada de resíduos por dia, sendo 33% são recicláveis e o restante compostável. Alex Cardoso defendeu o incentivo à reciclagem do lixo “em todos os lugares”, sendo “constante e transversal”.
“Se a sociedade não está separando, então por que o governo vai fazer isto? O processo começa por nós…Fazer pequenas transformações e pressionar os governos a fazerem a parte deles”, resumiu o pesquisador, autor do livro “Do lixo a bicho”.