Liderança indígena critica desmatamento da Amazônia em fórum em Porto Alegre

Liderança indígena critica desmatamento da Amazônia em fórum em Porto Alegre

Principal liderança do povo indígena Paiter Suruí, cacique Almir Narayamoga Suruí criticou o PL 191/2020

Felipe Samuel

Principal liderança do povo indígena Paiter Suruí, cacique Almir Narayamoga Suruí

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A abertura oficial do 10º Fórum Internacional de Gestão Ambiental realizado nesta quinta-feira, em Porto Alegre, foi marcada por críticas ao desmatamento da Amazônia e pela necessidade de reforçar ações de educação ambiental. Principal liderança do povo indígena Paiter Suruí, cacique Almir Narayamoga Suruí criticou o PL 191/2020, de autoria do Executivo, que tramita na Câmara dos Deputados e regulamenta a exploração de recursos minerais, hídricos e orgânicos em reservas indígenas.

"O PL 191 que o Executivo está querendo aprovar libera não só a mineração em terra indígena, libera hidrelétrica, arrendamento da terra. Não sou contra que o povo indígena possa desenvolver dentro de seu território, mas a forma que o governo vem propondo não concordo. Dessa forma vai colocar refém os povos indígenas, vai destruir nossos direitos, destruir nosso potencial que o Brasil tem. Vocês estão aqui no Sul, mas a Amazônia também é de vocês", afirma.

Comandando 35 aldeias em Rondônia, Suruí destaca a trajetória do povo indígena naquela região, que conseguiu ainda nos anos 1980 a demarcação de uma área de 250 mil hectares onde hoje estão 1,8 mil pessoas. "A Amazônia não precisa mais ser desmatada. Já se foram quase 30% da floresta", afirma. Para Suruí, o Brasil deveria liderar ações de sustentabilidade climática. "Com muita dificuldade mantemos esta floresta em pé. É um patrimônio do povo brasileiro", completa.

Durante o fórum, promovido pela Associação Riograndense de Imprensa (ARI), ele afirma que a preservação dos recursos naturais da região traz equilíbrio ambiental. A liderança indígena ressalta ainda que é preciso ampliar as ações de conscientização e observar as causas que estão afetando o ecossistema. E lembra que a ocupação ilegal de madeireiras ocorre há muito tempo na região para 'explorar ilegalmente as florestas existentes nas terras indígenas'.

Diretora de Meio Ambiente Sustentabilidade da Corsan, Liliani Cafruni afirma que a companhia tem um plano de segurança hídrica e que conta com assessoramento do Banco Mundial para a implementação de projetos sociais. "Estamos trabalhando cada vez mais também preocupados com as questões hídricas", alerta, acrescentando que o carro-chefe da Corsan é cuidar do meio ambiente. "A companhia quer discutir e trabalhar a questão ambiental", completa.

A direção do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) também participou do evento. Ao destacar o trabalho da autarquia, o diretor-presidente Alexandre Garcia afirma que é preciso reforçar ações de educação ambiental junto às crianças. "Fizemos a limpeza em um dos arroios da cidade. Em dois quilômetros tiramos 1,8 mil pneus de dentro desse arroio. Tiramos sofá, máquina de lavar roupa, colchão, sem falar, para usar um termo da moda, que é uma verdadeira pandemia, garrafas pet", destaca.


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