Lojistas são notificados a deixarem salas comerciais na Casa de Cultura Mário Quintana

Lojistas são notificados a deixarem salas comerciais na Casa de Cultura Mário Quintana

Espaços de teatro e cinema também sofreram interdições por falta de PPCI

Cláudio Isaías

Lojistas têm até o dia 30 de setembro para desocuparem as salas comerciais

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As lojas existentes na Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), no Centro Histórico de Porto Alegre, foram fechadas por conta da pandemia e os proprietários foram avisados de que tinham que deixar os espaços o mais rápido possível. A decisão de desocupar os imóveis foi informada aos lojistas pela direção da Associação dos Amigos da Casa de Cultura responsável pelo gerenciamento comercial da instituição. A interdição em função da falta do Plano de Prevenção e Proteção contra Incêndios (PPCI) foi feita nas salas de cinema e nos teatros.

Os empresários de estabelecimentos, como a Arteloja, a Bomboniere, Livraria Kaçula, restaurante Café dos Cataventos e Cine Café, lamentaram o fato de terem que deixar o local em plena pandemia do coronavírus.

Paulo Audi, proprietário do Cine Café, disse que a administração solicitou o local com o argumento de fechamento em razão da pandemia da Covid-19. "Esse pedido foi estranho e não sei o que eles pretendem fazer com o meu espaço", ressaltou. O cine Café funcionava há dois anos próximo dos cinemas da Casa de Cultura Mário Quintana. "Estou muito indignado porque estamos em um momento de pandemia e precisamos sair da crise. Não estou conseguindo pagar as contas e os fornecedores", lamentou.

Audi acredita que gestão da Associação dos Amigos da Casa de Cultura tenha o desejo de alugar os espaços para outras empresas e por esse motivo não teve interesse na permanência dos atuais empreendedores. "É um grande mistério todo esse processo", acrescentou.

Já Luciana Pinto, da Arteloja, disse que recebeu o aviso de encerramento das atividades também no mês de março e que o motivo alegado foi a pandemia. Ela estranhou o fato de a entidade cobrar o aluguel do espaço mesmo ele estando fechado. "Como que os empresários poderiam pagar o aluguel se os clientes não podem frequentar a Casa de Cultura", destacou.

A administração da Associação dos Amigos da Casa de Cultura estipulou um prazo para a entrega da sala: dia 30 de setembro. "Agora, as vendas dos produtos da Arteloja serão pela internet", ressaltou Luciana, que ocupava o espaço há mais de dez anos. A Arteloja da Casa de Cultura Mario Quintana, deixa o espaço no térreo do Centro Cultural e passa a ser virtual.

Uma tendência, segundo Luciana Pinto, porque existe um processo mundial de recolhimento do varejo físico, devido À pandemia da Covid-19 e também ao crescimento do e-commerce. "Em dez anos de funcionamento, a Arteloja incentivou o turismo cultural e ofereceu vitrine para artistas e designers gaúchos", ressaltou. 

Em nota, a Secretaria Estadual da Cultura informou que a administração dos espaços é realizada pela Associação dos Amigos da Casa de Cultura, em alinhamento com a diretoria da Casa de Cultura Mário Quintana. A ideia da administração é a busca por parceiros comerciais que possam atender à população da melhor forma possível, seguindo o estatuto da instituição. Por isso, em alguns momentos são necessárias mudanças para que esses objetivos sejam alcançados. 

Sobre o PPCI, alguns espaços da Casa de Cultura Mário Quintana tiveram que passar por readequações indicadas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul, cujas solicitações estão todas sendo atendidas.

No momento, a Casa de Cultura passa por uma grande obra de restauro, a cargo da empresa Arquium, com prazo para ser concluída em dezembro deste ano. A Casa de Cultura Mario Quintana foi inaugurada em 25 de setembro de 1990, mas sua história teve início em julho de 1980, com a compra do antigo prédio do Hotel Majestic, pelo Banrisul, na gestão do então governador Amaral de Souza. 

 


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