Número de infectados pelo coronavírus cresceu mais de 24% no último mês em Porto Alegre

Número de infectados pelo coronavírus cresceu mais de 24% no último mês em Porto Alegre

Segundo o secretário adjunto de Saúde, Natan Katz, também aumentou a procura por teste rápido da doença

Jessica Hübler

Dados da última semana também apontam para crescimento em óbitos e internações

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Os dados das últimas semanas em Porto Alegre acenderam um sinal de alerta para o contexto da pandemia que serve não só para as medidas a serem tomadas pela gestão, mas também a cuidados a serem reforçados pela população. O último mês foi marcado pelo aumento no número de casos confirmados da Covid-19, de óbitos, bem como pela alta na busca pelos atendimentos e realização de exames para detecção do novo coronavírus.

O número de casos confirmados da Covid-19 em Porto Alegre cresceu 24,21% no último mês. No dia 18 de outubro eram 41.832 porto-alegrenses com diagnóstico positivo da doença e em 30 dias os registros aumentaram mais de 10 mil: foram contabilizados 51.962 casos confirmados em 18 de novembro. Os óbitos também tiveram um aumento significativo (19,45%), passando de 1.208 para 1.443 no último mês. 

No mesmo período a procura pela realização de testes para detecção do novo coronavírus também demonstrou um fluxo acentuado. Os testes aplicados em pacientes ambulatoriais atendidos no Sistema Único de Saúde (SUS) de Porto Alegre tiveram variação diária de 600 a 1,2 mil no último mês. A média para testes aplicados na rede pública e na rede privada gira em torno de 1,9 mil por dia.  A maior procura pela testagem dos pacientes no SUS tem sido pelo exame RT-PCR (coleta de material com swab), que é destinado para pacientes atendidos com menos de sete dias de sintomas. 

No último mês a realização diária de exame RT-PCR na Capital ficou entre 380 e 1 mil. Já os testes rápidos, que são direcionados para pacientes atendidos com mais de sete dias de sintomas, a procura foi mais baixa. A variação de realização dos testes rápidos ficou entre 41 e 149 por dia, no último mês.

O secretário adjunto de Saúde de Porto Alegre, Natan Katz, disse que o aumento na realização dos testes também pode estar vinculado à maior procura pelos atendimentos. “Nas últimas três semanas aparentemente tem um aumento no número de testes, o que conversa com o aumento de atendimentos”, explicou. Segundo ele, a testagem na Capital ainda demonstra uma estabilidade, apesar do crescimento das últimas semanas.

“É natural, isso vai acontecer. A questão é quantos vão vir positivos. Temos visto, nas últimas semanas, que a taxa de positivos tem diminuído, muito pouco, nada que chame atenção ainda, mas tem apresentado queda”, destacou. Conforme Katz, na próxima semana será possível ter mais dados para confirmar se há ou não um aumento na velocidade de propagação da Covid-19 em Porto Alegre. "Se isso se confirmar, certamente teremos que tomar medidas para reduzir a mobilidade na cidade e minimizar a propagação do vírus", declarou.

Com relação aos atendimentos de pacientes com síndromes respiratórias e gripais na rede pública de saúde de Porto Alegre, os números também vêm demonstrando certo crescimento. Foi justamente este aumento que influenciou o Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus da Prefeitura a interromper o processo de flexibilização de atividades que vinha ocorrendo na Capital.

“Seguramos as flexibilizações porque havia um movimento atípico nos atendimentos”, frisou Katz. Segundo ele, o temor agora é que a situação da pandemia volte a acelerar. “O que estamos vendo agora não dá para comparar com junho, quando vimos durante 10 dias um crescimento muito expressivo”, reiterou. Por isso, de acordo com Katz, é importante manter os protocolos de etiqueta respiratória e distanciamento social.

A busca ambulatorial por atendimento de síndrome gripal para o mês de novembro, até agora, foi de 1.604 (doenças respiratórias) e 3.409 (síndrome gripal). Ao longo de todo o mês de outubro, os números foram; 3.742 (doenças respiratórias) e 6.447 (síndrome gripal). Isto na atenção primária, ou seja, números de pacientes atendidos nos postos de saúde. O aumento da procura também foi verificado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Até o momento, em novembro, foram contabilizados 4.383 pacientes com síndrome gripal e 1.531 com doenças respiratórias. Os números de outubro foram: 3.810 (doenças respiratórias) e 5.019 (síndrome gripal).

Aumento também a nível nacional

Em todo o País, dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) junto a suas associadas apontam crescimento de 30% no número de exames para detecção da Covid-19 nos últimos 15 dias. Também há aumento de 25% na quantidade de resultados positivos. Somente entre março e outubro, associadas à Abramed – que representam cerca de 60% de todos os exames realizados na saúde suplementar do Brasil – fizeram mais de 6 milhões de testes para Covid-19.  

“Nosso setor sempre foi muito regulado e com a pandemia de Covid-19 reforçamos ainda mais nossos processos. Hoje, laboratórios e clínicas de imagem têm fluxos de atendimento separados, fazem agendamentos com intervalos maiores, respeitam as recomendações de distanciamento, seguem com um ritmo de higienização frequente e contínuo, fazem coletas em domicílio”, esclarece Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

“Pedimos à população que mantenha todos os cuidados para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, mas que não descuide da saúde como um todo. As outras doenças não esperam a Covid-19 passar para se manifestarem e temos total condição de cuidar de todos com segurança e responsabilidade”, finaliza.


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