Permanência dos gaúchos em casa aumentou 18%, aponta levantamento

Permanência dos gaúchos em casa aumentou 18%, aponta levantamento

Em dois dias de trabalho, físico da Uergs mapeou dados disponibilizados pelo Google Mobility

Henrique Massaro

Permanência dos gaúchos em casa aumentou, segundo levantamento

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Paralelamente ao monitoramento das aglomerações por geolocalização durante a pandemia, realizado pelo governo do Estado, o físico da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs), Rafael Haag, em apenas dois dias de trabalho, conseguiu verificar, por exemplo que após as recomendações de isolamento social a permanência dos gaúchos nas suas residências aumentou apenas 18%, mas, ainda assim, é a maior na comparação com outros estados.

Pós-doutor em Física, Haag utilizou dados mundiais de mobilidade que foram disponibilizados gratuitamente pelo Google e mapeou as mudanças em diferentes locais de permanência da população brasileira. Ele acredita que os resultados podem ser utilizados para nortear medidas do poder público.

Além da permanência dentro de casa, o levantamento mostrou que durante a pandemia a presença em parques e praias no Estado caiu 68%. O mapeamento também mostra que 31% menos gaúchos estão em seus locais de trabalho e a presença em farmácias e mercados reduziu 28%. Ainda chama a atenção a questão do transporte público, já que a permanência em estações caiu 62%.

Para chegar aos percentuais, Haag comparou os dias de quarentena com um período de referência antes dela – de 3 de janeiro a 6 de fevereiro deste ano. Todos os dados são da plataforma Google Mobility, que foram disponibilizados recentemente. Com experiência em processamento de dados, tendo coordenado a elaboração do Atlas Solar do Rio Grande do Sul, o físico da Uergs tabelou as informações e dividiu por todos os estados brasileiros.

Se, por um lado, pode-se considerar baixo o aumento da permanência da população gaúcha em casa, é necessário observar também que o Estado, ao lado do Rio Grande do Norte, é o que apresenta o maior percentual nesse sentido. Na sequência, os crescimentos foram observados no Piauí e no Distrito Federal (17%), na Bahia, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro (16%) e em São Paulo (15%). Em Rondônia, Mato Grosso e Tocantins, a presença nas residências cresceu somente 9%, a metade do Rio Grande do Sul, que também é um dos que mais diminuiu a permanência em locais de trabalho, ficando atrás apenas de Santa Catarina e Rio de Janeiro (35%), Distrito Federal (33%) e São Paulo (32%).

O RS também reduziu significativamente a permanência em estações de transporte, mas as maiores quedas ainda são em Sergipe (79%) e no Piauí (77%). Comparação semelhante pode ser feita com Rio de Janeiro e São Paulo no que se refere a áreas de lazer, como parques e praias. Os dois estados do Sudeste tiveram 78% e 80% de redução, respectivamente. Com relação a farmácias e supermercados, a maior retração foi em Santa Catarina, com 37%, seguida de Bahia (33%) e Piauí (32%).

Em áreas de lazer, como parques, presença caiu 68%. Foto: Alina Souza

Resultados completos e sem custo

Depois de apenas dois dias se debruçando sobre os números por iniciativa própria, o físico Rafael Haag acredita ter colocado à disposição de gestores públicos – ele publicou todos os mapas gerados em sua conta no Twitter -, resultados diferentes e até mais completos do que os que vêm sendo apresentados em outras ações.

De acordo com Haag, seu levantamento se difere do que vem sendo realizado pelo governo do Estado, que utiliza a informação das células de telefonia móvel, mas não identifica os locais e o tempo de permanência das pessoas neles, como é feito pelo Google Mobility. “Fazendo uma comparação simples, estas informações são como um mapa numa folha A4 de um atlas geográfico. As informações do Google Mobility são as imagens do mapa do Street View. Cada um cumpre funções diferentes e igualmente importantes.”

O pesquisador ainda cita o acordo de cooperação do estado de São Paulo com operadoras de celular para analisar o deslocamento populacional, que, segundo ele, não tem tanta precisão. O Google, que também utiliza dados celulares, explica, tem um algoritmo mais inteligente, por GPS, curtidas e avaliações.

“Não tiro a eficácia dessas informações (das companhias telefônicas), mas se tem uma plataforma gratuita que libera esses dados com refinamento muito maior, temos que usar”, comenta. Os percentuais de permanência em diferentes locais variam diariamente. Por isso, o físico pretende continuar monitorando semanalmente o comportamento da população.


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