"É claro que não queremos uma guerra", diz Putin

"É claro que não queremos uma guerra", diz Putin

Presidente russo se encontrou com chanceler alemão, Olaf Scholz

AFP e AE

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O presidente russo, Vladimir Putin, garantiu, nesta terça-feira (15), que não quer uma guerra pela Ucrânia, após semanas de tensões pela mobilização em massa de suas tropas tropas para a fronteira. "Queremos [uma guerra], ou não? É claro que não. Por isso, apresentamos nossas propostas para um processo de negociação", declarou em entrevista coletiva, ao lado do chanceler alemão, Olaf Scholz.

Putin disse que deseja "continuar trabalhando em conjunto" com os países ocidentais sobre a segurança europeia para desescalar a crise na Ucrânia. "Estamos dispostos a continuar trabalhando em conjunto. Estamos dispostos a seguir o caminho da negociação", disse.

O presidente russo criticou, no entanto, a rejeição dos países ocidentais a suas principais exigências, as quais "infelizmente não receberam uma resposta construtiva". Essas reivindicações são o fim da política expansionista da Aliança Atlântica, o compromisso de não implementar armas ofensivas perto das fronteiras russas e a retirada de infraestruturas da Otan das fronteiras de 1997, antes de a organização não receber ex-membros do bloco soviético.

Putin também destacou que não vai renunciar a essas demandas e que elas fariam parte das negociações entre russos e ocidentais.

Scholz disse concordar com Putin que os esforços diplomáticos para resolver o conflito "não se esgotaram". A autoridade alemã reforçou o poscionamento de que "qualquer ataque adicional à Ucrânia traria consequências terríveis".

Nesta terça, a Ucrânia também anunciou que os sites do ministério da Defesa e de dois grandes bancos estatais foram alvos de um ataque cibernético. Os sites afetados incluem os do Oschadbank e Privat24, duas das maiores instituições financeiras. 

Rússia retira unidades militares da fronteira com Ucrânia

Putin também confirmou que algumas unidades militares posicionadas na fronteira com a Ucrânia começaram a retornar aos quartéis. A presença militar no local provocava o temor de uma operação iminente no país vizinho.

"As unidades dos distritos militares Sul e Oeste, que já concluíram suas tarefas, começaram a carregar equipamentos para o transporte ferroviário e rodoviário e começarão hoje o retorno para seus quartéis", afirmou o porta-voz do ministério da Defesa, Igor Konashenkov.

O governo russo denunciou, mais uma vez, a "histeria" ocidental diante de uma suposta invasão do país vizinho. "Sempre dissemos que depois das manobras (...) as tropas voltarão para seus quartéis de origem. E é isso que está acontecendo agora. É o procedimento habitual", disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.

O anúncio, o primeiro sinal de distensão por parte de Moscou, foi vago e não é possível saber o número de soldados que afeta. A Rússia mobilizou mais de 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia desde dezembro. Ao mesmo tempo, Moscou mantém as manobras militares em Belarus, país vizinho da Ucrânia, que devem prosseguir até 20 de fevereiro.

A retirada de algumas tropas foi recebida com entusiasmo na Ucrânia, onde o ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, afirmou que seu país, ao lado dos aliados ocidentais, "conseguiu impedir uma nova escalada russa".

"Já estamos em meados de fevereiro e vemos que a diplomacia continua funcionando", disse Kuleba. Mas o ministro destacou que a tensão permanece ao longo da fronteira e que a Rússia deve retirar as tropas restantes. "Temos uma regra: não acredite no que você ouve, acredite no que você vê. Quando observarmos uma retirada, vamos acreditar na desescalada", disse.

Negociações 

Segundo o chanceler Olaf Scholz, é muito importante continuar o diálogo com a Rússia, uma vez que a parceria econômica com a Alemanha é "promissora", em especial em áreas como descarbonização, digitalização e energia limpa. Putin, por sua vez, afirmou que a Alemanha é um dos principais parceiros econômicos de seu país.

Segundo o presidente russo, os alemães seguirão recebendo suprimento de gás russo "a preços de longo prazo". Ele ainda defendeu o projeto do gasoduto Nord Stream 2 - que tem oposição de países como os EUA - ao afirmar que ele fortalecerá a segurança energética europeia.


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