Diplomacia intensifica esforços de cessar-fogo enquanto ataques seguem em Gaza

Diplomacia intensifica esforços de cessar-fogo enquanto ataques seguem em Gaza

Confronto deixaram, ao menos, 227 mortos na Palestina e 12 em Israel

AFP

publicidade

Os esforços diplomáticos foram redobrados nesta quinta-feira (20) para tentar encerrar a escalada bélica entre Israel e o Hamas, no poder na Faixa de Gaza, após uma nova noite de bombardeios. Depois do apelo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a favor de uma "desescalada" imediata, o chefe da diplomacia alemã, Heiko Maas, chegou nesta quinta à região, e uma reunião da Assembleia Geral da ONU está prevista para acontecer na parte da tarde.

O ministro alemão expressou a "solidariedade" de seu país com Israel, mas também garantiu seu apoio aos "esforços internacionais em favor de um cessar-fogo". No entanto, a mais alta autoridade europeia a viajar à região desde o início da escalada, em 10 de maio, reúne-se à tarde em Ramallah, na Cisjordânia ocupada, com o presidente palestino, Mahmud Abbas. A chanceler alemã, Angela Merkel, apoiou nesta quinta-feira a manutenção de "contatos indiretos" com o Hamas, considerado um grupo "terrorista" pela União Europeia (UE), mas indispensável para conseguir um cessar-fogo com Israel.

O Egito, país que faz fronteira com Israel e a Faixa de Gaza, também está conduzindo intensas negociações para restabelecer uma trégua frágil. "Esperamos um retorno à calma nas próximas horas, ou amanhã (sexta-feira), mas isso depende da cessação da agressão pelas forças de ocupação em Gaza e Jerusalém", disse um alto funcionário do Hamas à AFP.

O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, está no Catar, onde deve se encontrar com o chefe do Hamas, Ismail Haniyeh. Por sua vez, o conselho de Direitos Humanos da ONU anunciou que fará uma reunião especial em 27 de maio sobre a situação nos Territórios Palestinos. 

Este ciclo de violência eclodiu em 10 de maio, quando uma enxurrada de foguetes do Hamas foi disparada contra Israel em "solidariedade" às centenas de manifestantes palestinos feridos em confrontos com a polícia na Esplanada da Mesquita, em Jerusalém Oriental. Os distúrbios decorreram da ameaça de expulsão de famílias palestinas em favor de colonos israelenses em um bairro palestino em Jerusalém Oriental, ocupado por Israel há mais de 50 anos. 

Família destruída

Na madrugada desta quinta-feira, caças israelenses bombardearam as casas de pelo menos seis dirigentes do Hamas, segundo o Exército. As sirenes foram acionadas no sul de Israel por uma nova salva de foguetes, reivindicada pela Jihad Islâmica, segundo grupo armado em Gaza.

Em Deir al-Balah (centro), uma família palestina foi destruída. Eyad Saleha, um deficiente físico, sua esposa grávida e a filha de três anos morreram em um bombardeio na quarta-feira. "O que meu irmão fez? Estava apenas sentado em sua cadeira de rodas. O que sua filha fez? O que a esposa dele fez?", perguntou, sem conter as lágrimas, Omar Saleha, irmão de Eyad.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) considera que a "população de Gaza e Israel precisam urgentemente de uma trégua". Nesse sentido, o braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Mediterrâneo Oriental afirmou nesta quinta-feira que são necessários US$ 7 milhões nos próximos seis meses para responder à crise sanitária nos Territórios Palestinos.

Desde o início da escalada, ao menos 227 palestinos, incluindo mais de 60 menores de idade e vários combatentes do Hamas, faleceram nos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, segundo o Ministério da Saúde local. Em Israel, os lançamentos de foguetes a partir de Gaza deixaram 12 mortos, de acordo com a polícia. Os movimentos armados palestinos já lançaram contra o território israelense mais de 4.000 foguetes, mas a maioria foi interceptada. Este é o maior ritmo de lançamento de projéteis contra Israel, de acordo com o Exército.

"Momento oportuno"

Em sua quarta conversa desde o início da crise, Biden expressou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "que espera uma significativa desescalada para encaminhar um cessar-fogo". O governo dos Estados Unidos, que reivindica uma abordagem diplomática "discreta", negou-se a apoiar um projeto francês de resolução no Conselho de Segurança da ONU para pedir o fim das hostilidades.

Na quarta-feira, um oficial militar israelense afirmou que o país está avaliando o "momento oportuno para um cessar-fogo" e acrescentou que o Exército está preparado para "vários dias" de conflito. "O que tentamos fazer é justamente isto: diminuir suas capacidades (do Hamas), seus recursos terroristas e diminuir sua determinação", afirmou Netanyahu, antes de expressar a decisão de "prosseguir com a operação até alcançar o objetivo: restabelecer a calma e a paz".

Nos últimos dias, também explodiram confrontos com as forças israelenses em várias cidades e campos palestinos na Cisjordânia, que deixaram mais de 25 mortos. É o balanço mais grave no território em muitos anos.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895