Em Wisconsin, Biden se encontra com família de homem negro baleado por policial

Em Wisconsin, Biden se encontra com família de homem negro baleado por policial

O democrata e sua esposa se encontraram em privado com a família Blake ainda no aeroporto de Milwaukee

AE e AFP

Viagem de Biden ao Wisconsin é uma rara visita à região que deve dar a ele uma importante abertura

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O candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, e sua mulher, Jill, se reuniram nesta quinta-feira com parentes do jovem negro Jacob Blake, gravemente ferido por um policial branco em Kenosha, no Estado americano de Wisconsin. O incidente desencadeou uma nova onda de distúrbios violentos na semana passada.

O ex-vice-presidente e sua mulher se encontraram em privado com a família Blake ainda no aeroporto de Milwaukee, a maior cidade de Wisconsin, onde desembarcou. Segundo sua campanha, estavam presentes o pai e três irmãos de Blake. A mãe do rapaz conversou com Biden por uma chamada de vídeo. Em seguida, Biden seguiu para Kenosha, a cerca de 55 km de Milwaukee.

O encontro aconteceu três dias depois de o presidente Donald Trump visitar a cidade, caminhar por escombros de um imóvel destruído durante os protestos, mas não se encontrar com a família do rapaz, que foi baleado pelas costas à queima-roupa pelo policial na frente dos filhos. Blake continua internado e está paralisado da cintura para baixo.

Joe Biden disse que falou por telefone com Jacob Blake e que a vítima disse que "nada" irá derrotá-lo.

"Tive a oportunidade de passar algum tempo com Jacob ao telefone. Ele está fora da terapia intensiva, conversamos por cerca de 15 minutos", disse Biden em uma reunião comunitária em uma igreja em Kenosha. "Ele falou sobre como nada iria derrotá-lo, que caminhando de novo ou não, ele não irá desistir", acrescentou Biden.

O propósito da sua visita teria sido "unir as pessoas, ser uma influência positiva", disse Biden em entrevista coletiva na quarta-feira. "Devemos curar as feridas", disse o democrata, que denuncia incansavelmente o "racismo institucional" enquanto rejeita a violência nas manifestações.

Segundo análise do jornal New York Times, a viagem de Biden ao Wisconsin é uma rara visita à região que deve dar a ele uma importante abertura para abordar a injustiça racial e continuar a divulgar sua mensagem de que o presidente Trump tem alimentado as chamas da violência no país.

"Lei e ordem" 

Dois meses antes das eleições presidenciais, Biden, de 77 anos, marca com esta viagem uma fase mais ativa de sua campanha. O candidato democrata permaneceu confinado pela pandemia em sua casa em Wilmington, Delaware, por semanas, depois limitou suas viagens à região. Enquanto isso, Trump não parava de cruzar o país insistindo com sua mensagem de "lei e ordem".

O candidato republicano não ficará para trás: na noite desta quinta-feira, planeja discursar na cidade de Latrobe, na Pensilvânia, outro estado importante na disputa.

A campanha eleitoral de 2020 nos Estados Unidos é marcada por fatores sem precedentes: uma pandemia que ceifou mais de 180.000 vidas, uma profunda crise econômica e uma onda histórica de raiva contra o racismo.

Enquanto Biden aparece à frente do bilionário republicano nas pesquisas, a incerteza é mantida pelas pontuações mais apertadas nos estados com votação decisiva.

Biden, de quem Trump, de 74 anos, zomba implacavelmente de sua alegada "falta de energia", deu o sinal na segunda-feira de que adotará um ritmo de campanha mais sustentado com um discurso em Pittsburgh, Pensilvânia.

Em Kenosha, onde se apresentou como um defensor da segurança americana diante dos democratas "radicais", Trump inspecionou as ruínas das lojas incendiadas à margem dos protestos, agradeceu à polícia e equiparou as manifestações violentas com "terrorismo doméstico".

As tensões naquela cidade chegaram ao pico em 25 de agosto, quando Kyle Rittenhouse, de 17 anos, disparou um rifle semiautomático contra três manifestantes, matando dois. Sua prisão no dia seguinte restaurou a precária calma da cidade. Trump se recusou a condenar as ações de Rittenhouse, acusado de assassinato em primeiro grau.

Campanha silenciosa

Em 2016, Trump surpreendeu ao vencer por pouco em Wisconsin, onde a rival Hillary Clinton não havia feito campanha. Desta vez, todos estão olhando de perto para este estado do meio-oeste.

Cientes de sua importância, os democratas optaram por organizar sua convenção nacional em Milwaukee para lançar formalmente a candidatura de Biden. No entanto, o conclave teve que se tornar totalmente virtual devido à pandemia.

Paralelamente, Trump fez um discurso ao ar livre em Wisconsin no momento da convenção democrata e viajou para outros estados importantes nas últimas semanas: Minnesota, Iowa, Arizona, New Hampshire e Carolina do Norte.

Biden disse na quarta-feira que gostaria de sair mais e sentiu que "um presidente tem a responsabilidade de dar o exemplo", respeitando as medidas de contenção.

Em qualquer caso, sua campanha silenciosa valeu a pena até agora: o veterano político anunciou na quarta-feira que arrecadou US$ 364,5 milhões em agosto, um recorde.


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