Estado Islâmico anuncia 'nova fase' de ataques com Israel como alvo

Estado Islâmico anuncia 'nova fase' de ataques com Israel como alvo

Anúncio foi realizado no mesmo dia em que o presidente americano deve apresentar um plano de paz regional

AFP

Soldados do Exército dos EUA são vistos através de uma janela rachada de veículo armado em posto de controle durante patrulha contra militantes do Estado Islâmico no distrito de Deh Bala, na província de Nangarhar. A foto é de julho de 2018

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Em uma mensagem de áudio divulgada nesta segunda-feira, o grupo radical Estado Islâmico (EI) afirmou que vai lançar uma "nova fase" de sua "jihad", visando especificamente a atingir Israel. O anúncio foi feito no mesmo dia em que o presidente americano, Donald Trump, recebe seu amigo Benjamin Netanyahu, antes de apresentar um plano de paz regional considerado histórico por Israel, mas rejeitado pelos palestinos.

O novo chefe do EI, Abu Ibrahim al-Hashemi al-Qurachi, está "determinado a entrar em uma nova fase que nada mais é do que combater os judeus e devolver o que roubaram dos muçulmanos", diz Abu Hamza El-Qurachi nesta mensagem de 37 minutos publicada no aplicativo Telegram. "Os olhos dos soldados do califado, onde quer que estejam, ainda estão fixos em Jerusalém", acrescentou o porta-voz do EI.

"Nos próximos dias, se Deus quiser, vocês verão (...) o que os fará esquecer os horrores" do passado, disse Abu El-Qurachi, aludindo a um possível ataque. A AFP não conseguiu autenticar imediatamente a mensagem, mas a gravação foi transmitida nos órgãos de propaganda habituais do grupo nas redes sociais.

Antes de sua derrota territorial em março de 2019, a organização jihadista chegou a controlar um vasto "califado" autoproclamado, abrangendo Síria e Iraque, que contavam com sete milhões de habitantes. O grupo imprimia sua própria moeda, arrecadava impostos e dirigia programas escolares. Sob o efeito das operações militares combinadas das forças sírias e iraquianas apoiadas por seus respectivos aliados, esse vasto território encolheu antes de ser varrido do mapa.

O EI mantém uma presença significativa na Síria e no Iraque ao redor do rio Eufrates e no deserto adjacente. O grupo também possui várias filiais na África e na Ásia, que ainda realizam ataques mortais. É atuante, principalmente, na península egípcia do Sinai, na fronteira com Israel, e que os israelenses ocuparam por 15 anos após a guerra árabe-israelense de 1967.

Nesta segunda-feira, o porta-voz do EI criticou o "plano Trump" sobre a paz no Oriente Médio. "Para os muçulmanos na Palestina e em todo mundo (...) sejam a ogiva da luta contra os judeus", declarou em sua mensagem. Ele instou os combatentes do EI, em especial os da Síria e do Sinai, a transformarem os assentamentos judeus em "campos de testes" para suas armas e "foguetes químicos".

Plano americano de paz ao Oriente Médio

Hoje, cerca de 600 mil colonos israelenses vivem em assentamentos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada, com aproximadamente três milhões de palestinos. Em junho, os Estados Unidos apresentaram o componente econômico de seu plano de paz, que prevê cerca de US$ 50 bilhões em investimentos internacionais nos Territórios Palestinos e nos países árabes vizinhos ao longo de dez anos.

Segundo os palestinos, o plano americano inclui a anexação por parte de Israel do Vale do Jordão, uma vasta área estratégica da Cisjordânia, e assentamentos nos territórios palestinos, além do reconhecimento oficial de Jerusalém como a capital indivisível de Israel. Desde o reconhecimento, em dezembro de 2017, por Trump, de Jerusalém como capital de Israel, que os líderes palestinos cortaram o contato formal com a Casa Branca.

O primeiro-ministro palestino, Mohammed Shtayyeh, pediu hoje à comunidade internacional que boicote o plano americano. Este plano "não passará" e pode até levar os palestinos a uma "nova fase" de sua luta, alertou o líder do movimento Hamas, Ismail Haniyeh. Donald Trump anunciou em 27 de outubro a morte do ex-líder do EI Abu Bakr al-Baghdadi durante uma operação no noroeste da Síria.

Pouco depois, o grupo designou Abu Ibrahim al-Hashemi al-Qurachi como o novo "califa dos muçulmanos". Este último era desconhecido dos analistas, e muitos duvidavam de sua existência. A organização agora é chefiada por Amir Mohamad Abdel Rahman al-Maula al-Salbi, disse recentemente o jornal britânico "The Guardian", citando autoridades de dois serviços de Inteligência não especificados.


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