EUA revisa retirada do tratado "Céus Abertos", enquanto Rússia inicia saída

EUA revisa retirada do tratado "Céus Abertos", enquanto Rússia inicia saída

Em fevereiro, autoridades russas garantiram "deixar a porta aberta" a uma volta às disposições se Washington fizesse o mesmo

AFP

Biden voltou a alguns dos acordos e organizações internacionais denunciados por seu antecessor

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Os Estados Unidos informaram nesta terça-feira que estão revisando sua retirada do tratado de vigilância militar Céus Abertos, decidida durante o mandato de Donald Trump, quando a Rússia iniciou formalmente sua saída do acordo. "Não tomamos uma decisão sobre uma futura participação no tratado Céus Abertos. Estamos revisando ativamente o tema", afirmou à imprensa o porta-voz da diplomacia americana, Ned Price, em alusão a consultas com os aliados de Washington. 

"O descumprimento persistente deste tratado por parte da Rússia é um dos muitos fatores pertinentes que levamos em consideração", acrescentou, pedindo a Moscou "adotar medidas para voltar a cumprir o tratado". 

O presidente russo, Vladimir Putin, apresentou ao Parlamento, nesta terça, o projeto de lei de retirada deste importante tratado de vigilância militar, denunciado por Moscou no ano passado em resposta à saída dos Estados Unidos. O Parlamento deve aprovar o projeto antes de ser promulgado por Putin.

Em fevereiro passado, as autoridades russas garantiram "deixar a porta aberta" a uma volta às disposições do tratado se Washington fizesse o mesmo. 

Desde sua chegada à Casa Branca, o presidente Joe Biden voltou a alguns dos acordos e organizações internacionais denunciados por seu antecessor Donald Trump. Em janeiro, estendeu o tratado New Start sobre limitação dos arsenais nucleares e decidiu retomar as negociações sobre o programa nuclear iraniano. Já as negociações sobre o Tratado de Céus Abertos estão paralisadas. Trump saiu do acordo, acusando a Rússia de tê-lo violado.

"Céus Abertos", que de início envolvia 35 países, estabelece o direito de fazer voos de observação, com a obrigação de reciprocidade, nos territórios dos países signatários para controle das atividades militares.

Moscou se recusa a permanecer no acordo sem a presença de Washington, considerando que os demais países signatários e membros da Otan iriam transmitir as informações dos voos para os Estados Unidos, privando efetivamente a Rússia do direito à reciprocidade.

As relações russo-americanas continuaram a se deteriorar nos últimos anos, dando lugar, em abril, a sanções e a expulsões de diplomatas entre ambos os países.

Os Estados Unidos propuseram uma cúpula Biden-Putin em um terceiro país em junho, uma oferta atualmente em negociação e que, por enquanto, teve uma recepção favorável do Kremlin. 


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