França não quer "jogar no lixo 10 anos de trabalho" do acordo UE-Mercosul

França não quer "jogar no lixo 10 anos de trabalho" do acordo UE-Mercosul

País quer garantias sobre o respeito do Acordo de Paris (sobre o clima) e o desmatamento

AFP

Além da França, Bélgica e Irlanda expressaram dúvidas sobre a continuidade do processo

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A França não deseja "frear nenhuma iniciativa" dentro do acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul, apesar da oposição ao texto alcançado em 2019 da maneira como está, afirmou o ministro do Comércio Exterior, Franck Riester. "Nosso objetivo não é frear nenhuma iniciativa que deseje aumentar nossas relações comerciais", disse em um encontro com jornalistas em Berlim, após uma reunião de ministros europeus do Comércio, que terminou na segunda-feira.

A França tampouco deseja "jogar no lixo 10 anos de trabalho, mas precisamos de garantias sobre o respeito do Acordo de Paris (sobre o clima) e o desmatamento", completou. O governo francês afirmou na sexta-feira que, no formato atual, continua contrário ao acordo comercial entre UE e Mercosul, que precisa ser ratificado pelos Parlamentos de cada país, e apresentou três "exigências", incluindo garantias de que o comércio não vai acelerar o desmatamento e o respeito ao Acordo de Paris sobre o clima.

O Executivo, com base em um relatório de um comitê de especialistas independentes, lamentou de modo concreto que o acordo "não contenha nenhum dispositivo" para controlar as práticas dos países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) em termos de desmatamento, que poderia "acelerar a 5% por ano" devido à superfície adicional de pastagem necessária para cobrir o aumento de produção de carne bovina destinada a UE.

"As reações à posição francesa foram positivas durante a reunião dos ministros da UE", disse Riester. Além da França, vários países, como Bélgica e Irlanda, expressaram dúvidas sobre a continuidade do processo. Os Parlamentos da Áustria e Holanda rejeitaram o acordo em seu estado atual, especialmente pelo desmatamento.

A chanceler alemã Angela Merkel, cujo país foi um dos grandes incentivadores do acordo por anos, expressou pela primeira vez em agosto "sérias dúvidas". O comissário europeu do Comércio, Valdis Dombrovskis, afirmou que os países devem levar os temas a sério e pediu "um compromisso claro" do Mercosul na questão do desenvolvimento sustentável.

 

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