Irã denuncia assassinato de cientista nuclear e sugere culpa de Israel

Irã denuncia assassinato de cientista nuclear e sugere culpa de Israel

Mohsen Fakhrizadeh era chefe do Departamento de Pesquisa e Inovação do Ministério da Defesa

AFP

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Um cientista iraniano do alto escalão do setor nuclear foi assassinado nesta sexta-feira (27) enquanto estava em seu veículo perto de Teerã, um "ato terrorista" no qual há "sérios indícios de participação israelense", segundo o chefe da diplomacia do Irã. "Terroristas assassinaram um proeminente cientista iraniano hoje (sexta-feira). Essa covardia - com sérios indícios de participação israelense - mostra um belicismo desesperado de seus autores", tuitou Mohamad Javad Zarif, ministro das Relações Exteriores da república islâmica.

Zariv também pediu que a comunidade internacional dê "fim a suas vergonhosas posições ambivalentes e condene este ato terrorista". O cientista, oficialmente identificado como Mohsen Fakhrizadeh, era chefe do Departamento de Pesquisa e Inovação do Ministério da Defesa.

Por sua vez, o chefe do Estado Maior do Irã, general Mohammad Bagheri, advertiu que uma "terrível vingança" ocorrerá contra os responsáveis pelo assassinato do cientista. "Os grupos terroristas e os autores dessa ação covarde devem saber que uma terrível vingança os espera", afirmou Bagheri, segundo a agência estatal Irna.

Tiroteio

O cientista ficou "gravemente ferido" quando seu carro foi atacado por vários indivíduos, que brigaram com sua equipe de segurança, de acordo com nota do Ministério da Defesa. Fakhrizadeh não resistiu aos ferimentos e morreu. O pesquisador foi descrito no passado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu como o pai do programa de armas nucleares do Irã.

Vários veículos de comunicação locais, incluindo as agências de notícias Tasnim e Fars, haviam relatado anteriormente uma tentativa de assassinato de Fakhrizadeh quando ele estava viajando de carro perto da cidade de Absard, a leste da capital iraniana. O assassinato ocorre menos de dois meses antes da chegada à Casa Branca do democrata Joe Biden, presidente eleito na eleição de 3 de novembro nos Estados Unidos.

Biden planeja mudar a posição de seu país sobre o Irã, após quatro anos do republicano Donald Trump na presidência, que em 2018 se retirou do acordo com as grandes potências, assinado em 2015, sobre o programa nuclear iraniano. Washington então restabeleceu, e mais tarde reforçou, as sanções contra Teerã.

Trump considera que este acordo não oferece garantias suficientes para impedir o Irã de manter armas nucleares. A república islâmica sempre negou buscar tal armamento.

Trocas

O presidente dos Estados Unidos compartilhou no Twitter nesta sexta-feira (27) a informação sobre o assassinato do cientista iraniano, mas sem acrescentar nenhum comentário próprio. Fakhrizadeh foi morto um dia após o envio pela Tailândia de três iranianos presos por um ataque a bomba fracassado contra diplomatas israelenses em Bangkok em 2012.

Segundo o governo iraniano, a operação foi realizada em troca da libertação, na quarta-feira, da pesquisadora australiana-britânica Kylie Moore-Gilbert, que foi condenada no Irã a dez anos de prisão por espionagem a favor de Israel, acusação que ela nega. A mulher, especialista em Oriente Médio, foi solta após 800 dias de detenção.

Diversos outros cientistas especializados no setor nuclear do Irã foram assassinados nos últimos anos, e o país sempre atribui a culpa a Israel. Por outro lado, o jornal The New York Times noticiou em meados de novembro que Abdullah Ahmed Abdullah, conhecido como Abu Mohammed al-Masri e número dois da Al Qaeda, foi morto em Teerã por agentes israelenses, durante uma missão secreta encomendada pelos EUA. O Irã negou a informação.

 


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