Irã ''não tem pressa'' em volta dos EUA ao acordo nuclear

Irã ''não tem pressa'' em volta dos EUA ao acordo nuclear

Joe Biden já manifestou a intenção de fazer os Estados Unidos voltarem ao acordo

AFP

Donald Trump tirou os Estados Unidos do acordo em 2018

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O Irã não tem urgência de ver os Estados Unidos voltarem ao acordo internacional sobre o programa nuclear de Teerã e exige, primeiramente, a suspensão das sanções impostas por Washington - declarou o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, nesta sexta-feira.

A pergunta não é se "os Estados Unidos voltarão, ou não. Não temos pressa e não estamos insistindo para que volte", disse Khamenei. "Nossa demanda racional e lógica é que as sanções sejam suspensas", porque "é um direito usurpado da nação iraniana", disse a autoridade, em discurso transmitido pela televisão. "Estados Unidos e Europa, que seguem os Estados Unidos, têm o dever de respeitar esse direito do povo iraniano", afirmou.

Em 2015, o Irã e o Grupo dos Seis (China, França, Rússia, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos) chegaram a um acordo em Viena sobre um Plano Conjunto de Ação Global (JCPOA, na sigla em inglês) para resolver a questão nuclear iraniana após 12 anos de tensão.

O acordo oferece ao Irã uma flexibilização das sanções internacionais em troca de limitar drasticamente seu programa nuclear e garantir que não se dotará de uma bomba atômica. O pacto está em perigo, porém, desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou seu país do acordo em 2018, antes de restabelecer e intensificar as sanções econômicas em nome de uma política de "pressão máxima" contra o Irã.

''Não é lógico''

O restabelecimento das sanções deixou o Irã sem os benefícios econômicos que esperava colher com o acordo de Viena, alienando investidores estrangeiros e reduzindo o comércio exterior do país, principalmente suas exportações de petróleo. Todo esse quadro mergulhou o país em uma recessão severa, da qual ainda luta para sair. Em resposta, desde 2019, Teerã foi, gradualmente, liberando-se da maioria dos compromissos de Viena de pressionar, até agora sem sucesso, os demais sócios do acordo a ajudarem-no a contornar as sanções dos EUA.

A vitória de Joe Biden na eleição presidencial pode significar uma mudança na atitude de Washington em relação a Teerã. O presidente eleito já manifestou, por exemplo, a intenção de fazer os Estados Unidos voltarem ao acordo. Para isso, coloca condições inaceitáveis para o Irã.

Nas últimas semanas, o presidente iraniano, Hassan Rohani, multiplicou os sinais de abertura ao futuro governo americano. Ao mesmo tempo, porém, ele condiciona o retorno dos EUA ao acordo de Viena à suspensão das sanções americanas reimpostas, ou que já estavam em vigor desde 2018. "Se as sanções forem suspensas, o retorno dos americanos fará sentido", disse Khamenei. Em caso contrário, "se as sanções não forem suspensas, o retorno dos Estados Unidos não apenas não nos beneficiará, como também pode nos prejudicar".

"Quando uma parte não cumpre nenhuma de suas obrigações, não seria lógico que a República Islâmica respeitasse todos os seus compromissos", acrescentou o líder supremo. "Se eles voltarem às suas obrigações, nós voltaremos às nossas", garantiu.


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