Irã prevê luta contra o coronavírus ao menos até junho

Irã prevê luta contra o coronavírus ao menos até junho

País do Oriente Médio tem mais de 41 mil contaminados e 2,7 mil mortes pelos Covid-19

AFP

Irã acredita que disseminação do vírus esteja ocorrendo desde janeiro no Irã

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O Teerã anunciou, nesta segunda-feira, que o novo coronavírus já contaminou mais de 40 mil pessoas e matou 2.757 no Irã, onde as autoridades dizem se preparar para combater a epidemia pelo menos até o início do verão no hemisfério Norte.

A República Islâmica é um dos países mais afetados pela pandemia. Em 19 de fevereiro, o governo anunciou os primeiros casos de contaminação no território. Recentemente, porém, uma autoridade reconheceu que o vírus talvez já estivesse presente no Irã em janeiro.

De acordo com dados diários divulgados pelas autoridades, a doença Covid-19 matou mais 117 pessoas nas últimas 24 horas. O Irã confirmou oficialmente um total de 41.495 casos de contaminação. Hoje, o país possui 3.511 pacientes em estado "crítico" e, até o momento, 13.911 pacientes se recuperaram após hospitalização, acrescentou o Ministério da Saúde.

Enquanto no exterior alguns questionam os números publicados pelas autoridades iranianas, que suspeitam estarem subestimados, uma autoridade publicou um estudo do governo segundo o qual a doença poderá matar 11 mil pessoas no Irã no estado atual das medidas adotadas.

O estudo mostra que o país continuará lutando contra o vírus "no início do verão", escreveu em sua conta no Instagram Parviz Karami, porta-voz do vice-presidente responsável pela Ciência, Sorena Sattari.

"Opinião dos especialistas"

Depois de fazer tudo para evitar a imposição de medidas de contenção, ou quarentena, o governo decidiu em 25 de março proibir todos os deslocamentos entre cidades. A medida entrou em vigor dois dias depois. Deve ser aplicada até 8 de abril e poderá ser prorrogada.

Sem estarem oficialmente confinados, os moradores são convocados há várias semanas a ficarem em casa "o máximo possível". Segundo a agência oficial de notícias Isna, o chefe da autoridade judicial Ebrahim Raïssi estimou que o novo coronavírus "poderia ter sido dominado mais rapidamente, se a opinião dos especialistas do Ministério da Saúde sobre a implementação das medidas de distanciamento social e as restrições sociais tivessem sido levadas em consideração mais cedo".

Ultraconservador, Raïssi foi derrotado pelo presidente Hassan Rohani na última eleição presidencial em 2017. Raïssi acusa o governo de ter demorado a mostrar sua determinação em lutar contra a propagação do vírus, o que resultou em uma "cooperação" mais lenta da população.

Outro ultraconservador, Mohammad Bagher Ghalibaf, ex-prefeito de Teerã eleito membro do Parlamento em fevereiro, também acusou o governo, pelo Twitter, de ser "ineficaz", "indevidamente otimista" e de "agravar as crises".

Há várias semanas, a diplomacia iraniana tem pedido ao mundo que pare de aceitar as sanções unilaterais de Washington, que estão sufocando a economia iraniana e tornando praticamente impossível a importação de medicamentos, ou de suprimentos médicos.

O governo anunciou que planeja gastar 1 trilhão de reais (5,5 bilhões de euros à taxa de câmbio de hoje) contra o coronavírus, ou cerca de 20% do orçamento do Estado previsto para o atual ano iraniano (iniciado em 20 de março).

Esse valor inclui o custo da crise para o setor da saúde, mas também medidas de apoio a empresas, como empréstimos a taxas preferenciais, e às classes menos favorecidas da população, na forma de subsídios. Segundo a Isna, alguns hospitais de ponta estão experimentando terapia com células-tronco para a doença.

A televisão estatal também anunciou que o país iniciou a produção em massa de kits de triagem com resultados "extremamente precisos" em três horas.


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