Lam reconhece "descontentamento" de eleitores em Hong Kong

Lam reconhece "descontentamento" de eleitores em Hong Kong

Chefe do Executivo garantiu refletir seriamente sobre melhoras na liderança

AFP

Pleito teve record com mais de 71% dos eleitores participantes

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A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, reconheceu nesta terça-feira que a derrota dos candidatos pró-Pequim nas eleições locais reflete o descontentamento com a forma do governo de administrar a crise política no território semi-autônomo.

As eleições de domingo mostraram a preocupação com "as deficiências do governo, especialmente o descontentamento com o tempo necessário para lidar com a atual instabilidade e, logicamente, para acabar com a violência", disse Lam em sua coletiva semanal.

A líder de Hong Kong, que personifica a ira dos manifestantes, prometeu que seu governo "refletirá seriamente" sobre o resultado destas eleições e sobre como "melhorar a governança", mas sem fazer concessões concretas ao movimento pró-democracia. A eleição dos 452 conselheiros distritais, que lidam com questões como manejo do lixo e rotas de ônibus, geralmente desperta pouco interesse.

Mas no domingo, a eleição tomou um significado totalmente diferente por causa do movimento de protesto. No final, os candidatos pró-democracia conquistaram 388 cadeiras, um ganho excepcional de 263 vagas na comparação com as eleições anteriores de 2015. Os candidatos pró-Pequim mantêm apenas 59 assentos e cinco vão para candidatos independentes.

A participação superou 71% dos 4,13 milhões de eleitores registrados, uma taxa recorde. Diante do resultado, os opositores imediatamente convidaram Lam a atender suas cinco reivindicações, incluindo o advento do sufrágio universal na megalópole de 7,5 milhões de habitantes, e uma investigação sobre a atuação da polícia nos protestos.

O resultado foi "nada menos que uma revolução", declarou à AFP Willy Lam, analista político de Hong Kong. "É uma profunda rejeição da administração (de Hong Kong) e da política de Pequim em relação a Hong Kong". "Os manifestantes considerarão esta incrível vitória como um mandato concedido pelo povo, para que lutem ainda mais.

Mas, ao mesmo tempo, não haverá concessões de Pequim, o que deve fazer a frustração crescer". A eleição dos conselheiros distritais obedece a um sistema de votação que, em Hong Kong, é o mais próximo da representação direta.

A votação não é apenas simbólica, já que seis cadeiras do Conselho Legislativo (LegCo, o parlamento de Hong Kong), que será renovado no próximo ano, serão disputadas por candidatos dos conselhos distritais. E esses conselhos também enviarão 117 de seus membros para o colégio eleitoral de 1.200 pessoas, controlado por Pequim, responsável pela nomeação do chefe do Executivo.


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