Mais de 100 mil pessoas estão desabrigadas após inundações na África Oriental

Mais de 100 mil pessoas estão desabrigadas após inundações na África Oriental

Somente no Quênia, 120 pessoas morreram em dois meses

AFP

Em Ruanda, 116 pessoas morreram

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Recebidas como uma bênção depois de um longo período de seca, as chuvas torrenciais que caíram nas últimas semanas na África Oriental acabaram se transformando em pesadelo, deixando centenas de mortos e milhares de desabrigados. No Quênia, onde as últimas três estações chuvosas foram fracas em precipitações, 120 pessoas morreram em dois meses, incluindo oito na madrugada desta sexta-feira perto de Nairóbi, de acordo com testemunhas. A Cruz Vermelha lançou um pedido por doações de US$ 5 milhões para ajudar os afetados em 32 dos 47 condados do país.

Desde o início de março, "112 pessoas perderam suas vidas em todo o país", declarou o secretário-geral da Cruz Vermelha queniana, Abbas Gullet, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira. Este balanço não inclui as oito vítimas desta sexta-feira. As inundações destruíram pontes e casas. Em muitas áreas, o Exército resgatou moradores presos em suas casas submersas.

"Um total de 48.477 famílias foram deslocadas até agora, e isso representa 260.200 pessoas que estão fora de casa por causa das chuvas", disse Gullet. Mais de 8.500 hectares de lavouras foram destruídos, e pelo menos 20 mil cabeças de gado morreram.

O governo anunciou na segunda-feira que cerca de 100 escolas não seriam abertas para o segundo trimestre. Fortes chuvas também foram registradas na Somália, igualmente atingida por uma severa seca. A cidade de Beledweyne, no centro-sul do país, foi invadida pelas águas do rio Shabelle. A Amisom, a missão da União Africana na Somália, interveio para evacuar cerca de 10 mil habitantes, de acordo com sua conta no Twitter.

O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Mohamed, visitou a região na terça-feira. "Eu vim a Beledweyne para compartilhar com vocês a dor e as dificuldades causadas por estas inundações devastadoras. Sei que mais de 100 mil pessoas foram deslocadas pelas inundações, e muitas mais ainda estão presas na cidade", afirmou.

Aumento dos preços

Outras cidades importantes ao longo do rio também foram afetadas, e é grande o temor pelo aparecimento de doenças, indicou à AFP um membro de uma ONG local, Abdulahi Lebanon. Em Ruanda, 116 pessoas morreram, e 207 ficaram feridas nas enchentes e deslizamentos de terra desde janeiro, segundo o Ministério encarregado do gerenciamento de desastres. As inundações destruíram 120 residências, 23 estradas, sete igrejas, 11.300 acres de plantações e mataram 705 cabeças de gado, de acordo com o Ministério.

Chuvas torrenciais também atingiram a Tanzânia, matando 14 pessoas em abril, assim como Uganda, onde as enchentes destruíram casas e mataram pelo menos três pessoas, segundo a Polícia de ambos os países. As autoridades alertaram que as chuvas vão continuar. "Aconselhamos as pessoas a tomarem precauções", disse o ministro ugandense de Gestão de Desastres, Musa Ecweru. "As fazendas foram destruídas, e as estradas estão intransitáveis, o que levará a um aumento do preço dos alimentos, como já vimos em muitas partes do país", alertou.

Uma severa seca em toda a África Oriental no ano passado deixou a Somália à beira da fome, enquanto mais de três milhões de pessoas precisaram de assistência alimentar no Quênia, e quase oito milhões, na Etiópia. Como resultado, os preços dos alimentos e a inflação aumentaram na região.

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