Mianmar rejeita relatório da ONU sobre crimes contra rohingyas
Missão investigativa da instituição destacou que comandantes do exército devem ser julgados pelo genocídio
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O porta-voz destacou a criação de uma "comissão de investigação independente" por parte de Mianmar para responder às "falsas acusações das agências da ONU". O relatório dos investigadores da ONU pede ao Conselho de Segurança que envie a situação de Mianmar à Corte Penal Internacional de Haia, ou que se crie um Tribunal Penal Internacional especial, como foi feito para a antiga Iugoslávia. A missão de investigação concluiu que os "principais generais, incluindo o comandante supremo, Min Aung Hlaing, devem ser investigados e julgados pelo genocídio no norte do estado de Rakhine".
Os crimes citados incluem assassinato, desaparecimento forçado, tortura e violência sexual "perpetrados em grande escala". Vários países, incluindo Estados Unidos, fizeram um apelo nesta terça-feira para que estes líderes militares de
Mianmar sejam levados à Justiça internacional. "Os fatos da limpeza étnica dos rohingyas devem ser contados e escutados", disse Nikki Haley, embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas. Mas Haley e outros embaixadores se abstiveram de usar a palavra "genocídio", citada em um relatório apoiado pela ONU e publicado na segunda-feira.
Outros membros do Conselho de Segurança se uniram ao apelo para que o caso seja levado a um tribunal internacional, incluindo Reino Unido, França, Kuwait, Holanda e Suécia. O grupo também pediu um mecanismo para "recolher e preservar provas" dos crimes. Mas China e Rússia - com poder de veto no Conselho - já declararam que preferem o "diálogo" com a liderança de Mianmar para resolver o conflito.
• Comandante das Forças Armadas de Mianmar deve ser processado por genocídio
Ao menos 700 mil rohingyas fugiram do norte do estado de Rakhine para Bangladesh após o governo birmanês lançar uma brutal repressão, em agosto do ano passado, contra rebeldes, em meio a relatos de incêndios, assassinatos e estupros praticados por soldados e máfias deste país majoritariamente budista. O governo civil da vencedora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi permanece firme, desde 2017, na defesa dos militares, uma força política poderosa com a qual a ex-dissidente tenta trabalhar desde que chegou ao poder, em 2016.