Milhares de bolivianos desafiam quarentena e marcham contra governo de Áñez

Milhares de bolivianos desafiam quarentena e marcham contra governo de Áñez

A manifestação foi convocada para protestar contra as políticas de saúde, educação e trabalho da presidente interina boliviana

AFP

A marcha reuniu cerca de 4.000 pessoas, segundo estimativas de jornalistas no local

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Desafiando a quarentena de coronavírus, milhares de pessoas convocadas pelos sindicatos bolivianos marcharam por La Paz nesta terça-feira para protestar contra as políticas de saúde, educação e trabalho da presidente interina de direita Jeanine Áñez.

A manifestação, a maior desde que a pandemia atingiu o país em março, foi convocada pela Central Obrera Boliviana (COB), cujo líder, o mineiro Juan Carlos Huarachi, declarou que "o povo está expressando suas necessidades", levantando suas vozes de protesto.

A marcha reuniu cerca de 4.000 pessoas, segundo estimativas de jornalistas no local, e percorreu cerca de de 12 km, da cidade de El Alto até La Paz, sede do poder político. As duas cidades encontram-se em quarentena.

"Estamos apoiando a mobilização dos professores rurais e urbanos contra a educação virtual e pedimos a renúncia do ministro (Victor Hugo) Cárdenas", afirmou Huarachi. Desde que a emergência e o confinamento em saúde foram declarados em março, as aulas presenciais foram suspensas e várias escolas, especialmente as particulares, implementaram a modalidade virtual.

O ministro Cárdenas tenta aplicar a educação virtual nas escolas públicas, mas esbarra nas áreas rurais e nas favelas urbanas, onde os alunos nem sempre têm acesso à Internet ou a dispositivos adequados. "Estamos pedindo internet grátis, porque há crianças que não têm telefone celular e não podem estudar" em casa, disse à AFP Feliciana Quesucala, 46 anos, moradora de El Alto.

O protesto cobre "a situação da saúde, educação e a demissão maciça de trabalhadores" devido à depressão econômica devido a uma quarentena prolongada que apenas se tornou mais flexível no último mês, Gustavo Arce, secretário de Educação e Cultura da COB.

"Também estamos defendendo a estabilidade no emprego, existem muitas demissões, eles não respeitaram seus próprios decretos", disse Huarachi, que denunciou demissões nos setores público e privado, apesar do atual regulamento para evitá-las.

"O que queremos? Eleições agora", gritavam os manifestantes várias vezes, referindo-se às eleições gerais de 6 de setembro, que a presidente Áñez tentou adiar devido à pandemia.

Os manifestantes chegaram pacificamente a uma distância de quatro quarteirões da Plaza de Armas, que permaneceu cercada pela polícia e pelas Forças Armadas, e onde ficam o Palácio do governo e o Congresso.


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