Mujica teme golpe militar de esquerda na Venezuela

Mujica teme golpe militar de esquerda na Venezuela

Evo Morales acusa os Estados Unidos de uma conspiração golpista

AFP

Mujica teme golpe militar de esquerda na Venezuela

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O presidente do Uruguai, José Mujica, que deixará o poder no domingo, rompeu o silêncio sobre a tensão política na Venezuela e diz temer "um golpe de Estado de militares de esquerda" no país. Em visita a Montevidéu, o chefe de Estado boliviano, Evo Morales, afirmou a existência de um golpe, mas concebido pelos Estados Unidos.

"O problema da Venezuela é que pode haver um golpe de Estado de militares de esquerda, e com isso a defesa democrática fica ameaçada", comentou Mujica em entrevista ao jornal local El País. Segundo o presidente do Uruguai, que tem a presidência temporária da Unasul, atualmente "há maneiras muito inteligentes de desestabilizar um governo e é muito mais fácil fazer com que um governo cometa atos de estupidez".

"Não quero dizer que isso seja o que acontece na Venezuela", ponderou. "Não sei o que está acontecendo na Venezuela: tem crise de abastecimento e inconformidade da população, disso não tenho dúvidas". Na terça-feira morreu na Venezuela com um tiro na cabeça um jovem de 14 anos perto de uma universidade onde se confrontavam estudantes e forças de segurança em San Cristóbal (oeste). A morte do menor ocorreu semanas depois de o governo de Nicolás Maduro autorizar os órgãos de segurança a utilizar força mortal para controlar a ordem pública. "Quando tem que reprimir se sabe onde começa, mas não onde termina. Eu não gosto", afirmou.

Para Mujica, na oposição venezuelana há dois setores: os que são aliados a Henrique Capriles e "os que querem um golpe de Estado". Na quarta-feira, o presidente havia comentado que "há uma parte da oposição que quer que haja um caminho institucional e há outra parte que quer que o governo abdique e renuncie agora. Naturalmente
nenhum governo aceita renunciar assim, e isso esta provocando tensões". Mujica defendeu agir "para que as tensões políticas possam encontrar um caminho institucional que nos parece ser o melhor, porque qualquer outro é um experimento".

Morales acusa EUA durante visita a Montevidéu

Evo Morales foi perguntado por jornalistas sobre a tensão social e política na Venezuela. Segundo o chefe de Estado boliviano, há uma tentativa de golpe no país. "É uma conspiração dos Estados Unidos", afirmou. "Temos escutado as palavras do secretário de Estado sobre sanções econômicas, sanções transformadas em uma intenção de golpe de Estado, e nós vamos defender a democracia na América Latina", completou.

A situação na Venezuela foi debatida durante o encontro de pouco mais de uma hora que Morales teve em Montevidéu com o colega uruguaio, José Mujica, na sede da Presidência. Após o encontro, Morales voltou a manifestar sua solidariedade com Nicolás Maduro, indicando que a Venezuela vive "uma agressão permanente" política, econômica e judicial por parte dosEstados Unidos.

"Eu não sei se os Estados Unidos estão provocando uma guerra civil", afirmou. "Compartilhei com alguns comandantes das Forças Armadas da Venezuela e com o chavismo, o antiimperialismo é profundo, não somente na sociedade civil, mas também entre os militares. Qualquer agressão será respondida", advertiu.

Maduro, entre outros presidentes, visitará no final de semana o Uruguai para participar da cerimônia de transferência de faixa presidencial, na qual Mujica entregará o poder ao também esquerdista e ex-presidente Tabaré Vázquez (2005-2010).

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