"Não esperava a extensão do abuso infantil" diz ministro alemão sobre pedofilia na internet

"Não esperava a extensão do abuso infantil" diz ministro alemão sobre pedofilia na internet

Autoridades estão investigando 30 mil pessoas suspeitas de casos de maus tratos, abusos e disseminação de imagens de crianças filmadas

AFP

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As autoridades alemãs anunciaram, nesta segunda-feira, que estão investigando 30 mil pessoas suspeitas de pedofilia na internet, um dos maiores casos do país, que debate sentenças mais duras para os autores. "Eu não esperava a extensão do abuso infantil na rede", declarou em coletiva de imprensa Peter Biesenbach, ministro da Justiça da região de Renânia do Norte-Westfalia (oeste do país), onde o escândalo explodiu.

Os investigadores descobriram evidências "profundamente perturbadoras", disse ele, acrescentando que "o abuso infantil online é mais difundido do que pensávamos".

Essas investigações sobre casos de maus-tratos, abusos e disseminação de imagens de crianças filmadas durante anos começaram em outubro do ano passado com a prisão de um homem de 42 anos em Bergisch Gladbach, perto de Colônia.

A força de combate ao crime cibernético na região "está investigando 30 mil suspeitos ainda desconhecidos no caso da pedofilia de Bergisch Gladbach", segundo Biesenbach. Mais de 70 suspeitos já foram identificados em toda a Alemanha, muitos dos quais estão atualmente em julgamento.

Em maio passado, um soldado de 27 anos foi condenado a dez anos de prisão e colocado em um hospital psiquiátrico.

"Tirar o anonimato"

Até agora, pelo menos 40 vítimas foram identificadas no que parece ser um dos maiores escândalos de pedofilia na Alemanha. Os investigadores foram alertados por policiais canadenses que descobriram conteúdo pornográfico infantil dessa região.

O homem de 42 anos foi preso e seu julgamento está programado para começar em agosto. Os investigadores encontraram imensas quantidades de pornografia infantil em seu apartamento. No processo, também descobriram a existência de vários grupos de discussão com milhares de participantes. Esses destinatários nos "chats" estão agora na mira da justiça alemã.

"Queremos tirar do anonimato da internet os autores de abusos de nossas crianças e os que dão apoio", disse Biesenbach. "Os autores que se comunicam nos fóruns consideram o abuso infantil normal e encontram um grande número de pessoas que compartilham as mesmas ideias. Não exite inibição. E é isso que caracteriza essa situação no nível penal", avisou. "Se quisermos combater ativamente o abuso infantil na internet, também devemos falar sobre as regras legais sobre armazenamento de dados. Um não pode funcionar sem o outro", acrescentou.

Depois de vários casos de pedofilia nos últimos anos, as autoridades da Alemanha agora são mais intransigentes. No início de junho, 11 pessoas foram presas por suspeita de abuso sexual de crianças e de ter filmado suas ações depois da apreensão de vídeos e fotos no porão de um homem de 27 anos em Münster.

Em um escândalo anterior em Lügde, na mesma região, vários homens foram presos por suspeita de abusar por anos de crianças em um acampamento. 

O fato de que "cada vez mais casos de abuso estão sendo revelados" na Renânia do Norte-Westfalia tem muito a ver com o aumento das capacidades de investigação na região, explicou o vice-presidente de um sindicato policial, Michael Maatz. "Portanto, devemos esperar que nos próximos meses outras redes de pedófilos sejam expostas", alertou.

As novas revelações, no início de junho, sobre o desaparecimento há 13 anos em Portugal da pequena britânica Maddie McCann, e a identificação de um novo suspeito, um alemão atualmente detido em Kiel (Norte), impulsionaram o debate público sobre a necessidade de punir mais severamente os autores de crimes pedófilos.

Vários líderes políticos alemães chegaram a ponto de exigir o fim do do anonimato para quem distribuir ou receber material pornográfico infantil. "O abuso infantil não pode ser punido como furto. Quem agride menores deve ser punido como criminoso", disse o ministro do Interior da Renânia do Norte-Westfalia, Herbert Reul.

A ministra da Justiça Federal, Christine Lambrecht, também disse que está aberta a um reforço das sanções.


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