Na China, Japão e Coreia do Sul aquecem relações

Na China, Japão e Coreia do Sul aquecem relações

Encontro dos países ocorreu na cidade de Chengdu

AFP

Presidente sul-coreano Moon Jae-in (à esquerda) e primeiro-ministro japonês Shinzo Abe (à direita)

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O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe e o presidente sul-coreano Moon Jae-in se encontraram nesta terça-feira para uma cúpula tripartida na China, a primeira em quinze meses marcando o início de um aquecimento nas relações. Há décadas, os vínculos entre Tóquio e Seul são marcados por disputas históricas herdadas da época em que a península coreana foi uma colônia japonesa (1910-1945).

O embate, no entanto, piorou significativamente no ano passado, quando os tribunais sul-coreanos exigiram que as empresas japonesas compensassem os sul-coreanos obrigados a trabalhar em suas fábricas durante a ocupação japonesa. Tóquio havia decidido neste verão retirar a Coreia do Sul de uma lista de Estados considerados parceiros comerciais privilegiados, uma medida percebida como uma sanção por Seul, que respondeu imediatamente com uma medida similar, agravando ainda mais as relações.

O encontro desta terça entre os líderes dos dois países ocorreu em Chengdu (sudoeste), cidade conhecida por seus pandas. Shinzo Abe, de terno azul marinho, e Moon Jae-in, sorrindo e vestido de cinza, apertaram as mãos durante uma reunião. O conteúdo das discussões ainda não foi divulgado.

Presente de Natal

"Como uma grande potência regional, a China espera mostrar ao mundo que, com sua força diplomática, pode reunir na mesma mesa os líderes japoneses e sul-coreanos", disse à AFP Haruko Satoh, especialista em política chinesa na Universidade de Osaka, Japão.

Longe de encerrar todas as disputas entre Tóquio e Seul, esse gesto deve tranquilizar Washington, preocupado com as dissensões entre esses dois aliados fundamentais para a segurança no leste Asiático. As duas capitais compartilham uma preocupação comum: a Coreia do Norte. Pyongyang conduziu recentemente uma série de testes em sua base de lançamento de foguetes em Sohae, após o lançamento de projéteis nas semanas anteriores, apesar das várias resoluções da ONU.

O regime de Kim Jong Un fez várias declarações veementes nas últimas semanas e emitiu um ultimato a Washington para este final do ano. Na ausência de progresso nas discussões, Pyongyang prometeu um "presente de Natal". Faltando poucos dias para o final do prazo, China, Coreia do Sul e Japão tentaram apresentar uma posição comum. "Reafirmamos que a desnuclearização da península (coreana) e a paz duradoura no leste da Ásia são o objetivo comum dos três países", afirmou o premier chinês, Li Keqiang.

No dia anterior, o colega japonês Shinzo Abe observou que seu país e a China tinham "uma grande responsabilidade pela paz, estabilidade e prosperidade" na Ásia. "É importante que China, Coreia do Sul e Japão apresentem uma posição unificada em relação a Pyongyang", disse à AFP Yun Duk-min, ex-diretor da Academia Nacional Coreana de Diplomacia, um organismo público.

Após uma reaproximação espetacular em 2018, as negociações sobre o programa nuclear norte-coreano estão num impasse desde o fracasso da cúpula de Hanói em fevereiro entre Kim e o presidente dos EUA, Donald Trump. O Japão, aliado dos Estados Unidos, é geralmente um dos alvos favoritos dos testes de mísseis do regime de Pyongyang, cujos dispositivos tendem a cair no mar do Japão ou até sobrevoar o arquipélago.

Na segunda-feira, o ex-assessor americano de segurança nacional John Bolton criticou fortemente a estratégia de Trump a respeito da Coreia do Norte, alertando sobre uma ameaça "iminente". 


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