OMS adverte que variante ômicron representa risco muito elevado para o mundo

OMS adverte que variante ômicron representa risco muito elevado para o mundo

Órgão explicou que a cepa tem até 36 mutações na proteína Spike

AE e AFP

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A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou, nesta segunda-feira, 29, que o risco global relacionado à variante Ômicron do coronavírus é "muito alto", dadas as possibilidades de que a cepa escape à proteção das vacinas disponíveis e tenha "vantagens" na transmissibilidade. "Dependendo dessas características, pode haver surtos futuros de Covid-19, que podem ter consequências graves, dependendo de uma série de fatores, incluindo os lugares onde esses picos podem ocorrer", explicou a entidade, em relatório técnico.

A OMS ressaltou que a cepa, caracterizada como "variante de preocupação" na sexta-feira, tem até 36 mutações na proteína S ("spike" ou espícula), usada pelo vírus como veículo de ligação com as células humanas. Segundo a Organização, essa característica é "preocupante" porque tem potencial de reduzir a eficácia dos imunizantes. O organismo sanitário, contudo, destaca que ainda há incertezas em relação à efetividade das vacinas, o nível de transmissibilidade da variante e a capacidade dela de causar casos graves da Covid-19.

A OMS exorta a comunidade internacional a acelerar a campanha de vacinação, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, e preparem os sistemas de saúde. "O uso de máscaras, distanciamento físico, ventilação do espaço interno, prevenção de multidão e higiene das mãos continuam fundamentais para reduzir a transmissão do SARS CoV-2, mesmo com o surgimento da variante Ômicron", reitera a OMS.

Vários países já detectaram casos vinculados à variante, incluindo Reino Unido, Alemanha, Canadá, Holanda e Israel. E a lista aumentou nesta segunda-feira, com o anúncio de contágios em Portugal, Áustria e Escócia.

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Reunião de urgência do G7

Nesta segunda-feira, os ministros da Saúde do G7 (França, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido) se reunirão "para discutir a evolução da situação sobre a ômicron", em um encontro organizado em caráter de urgência em Londres, que tem a presidência temporária do G7.

"Sabemos que estamos em uma corrida contra o tempo", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, antes de destacar que os fabricantes de vacinas precisam de "duas a três semanas" para avaliar se as vacinas existentes continuam sendo eficazes contra a nova variante.

O conselheiro do governo dos Estados Unidos para a pandemia, Anthony Fauci, afirmou que continua "acreditando que as vacinas existentes devem fornecer um grau de proteção contra casos severos de Covid-19". A Covid-19 já provocou 5,2 milhões de mortes no mundo desde a detecção na China em dezembro de 2019, segundo o balanço estabelecido pela AFP.

O anúncio da detecção da nova variante provocou pânico e em poucas horas muitos países, incluindo Estados Unidos, Indonésia, Arábia Saudita e Reino Unido, adotaram restrições aos visitantes procedentes do sul da África. Estas medidas foram consideradas um "castigo" pelas autoridades sul-africanas. "É totalmente lamentável, infeliz e inclusive triste que até países africanos tenham adotado restrições de viagens", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Clayson Monyela. Na África, Angola, Ilhas Maurício, Ruanda e Seychelles interromperam os voos procedentes da África do Sul. O país teme consequências para sua economia e, em particular, o turismo.

Sintomas leves

Poucos dias depois do anúncio por cientistas da África do Sul sobre a descoberta da nova variante, que tem mais mutações que as anteriores detectadas do coronavírus, o hospital Bambino Gesu de Roma conseguiu a primeira "imagem" da ômicron e confirmou que efetivamente tem mas mutações que a delta, mas isto não significa que é mais perigosa, de acordo com os pesquisadores.  

Angelique Coetzee, presidente da Associação Médica Sul-Africana, declarou à AFP que observou 30 pacientes nos últimos 10 dias que testaram positivo para Covid-19 e se recuperaram sem a necessidade de hospitalização. O principal sintoma foi o cansaço. Vários países reforçaram as restrições, inclusive com o retorno dos confinamentos, como Áustria e Holanda, onde aconteceram protestos, incluindo alguns que terminaram em confrontos violentos. No Reino Unido, na terça-feira entrarão em vigor novas regras sanitárias, incluindo o uso de máscaras em estabelecimentos comerciais e nos transportes públicos, assim como restrições para os passageiros procedentes do exterior.


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