OMS faz reunião de emergência em meio a aumento dos casos de varíola do macaco

OMS faz reunião de emergência em meio a aumento dos casos de varíola do macaco

Onze países já registraram pessoas infectadas com o vírus, sendo a grande maioria em países europeus

R7

OMS fará reunião para tratar de varíola do macaco

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A OMS (Organização Mundial da Saúde) deve realizar uma reunião de emergência nesta sexta-feira para discutir o atual surto de varíola do macaco, uma infecção viral mais comum na África Ocidental e Central, conforme os casos aumentam no mundo, principalmente na Europa.

A doença já foi registrada no Reino Unido, Espanha, Portugal, Alemanha, Itália, Suécia, Estados Unidos, Canadá e Austrália, a grande maioria nos últimos dias. Trata-se do maior surto da doença já observado fora do continente africano. 

Identificada pela primeira vez em macacos em 1950, a doença geralmente se espalha por contato próximo entre humanos e raramente se espalha para fora da África, motivo pelo qual essa série de casos causa preocupação.

No entanto, os cientistas não esperam que o surto evolua para uma pandemia como a de Covid-19, já que o vírus não se espalha tão facilmente quanto o Sars-CoV-2. A varíola do macaco é geralmente uma doença viral leve, caracterizada por sintomas de febre, além de um tipo de erupção cutânea distinto.

"Com vários casos confirmados no Reino Unido, Espanha e Portugal, este é o maior e mais disseminado surto de varíola do macaco já visto na Europa", disse o serviço médico das Forças Armadas da Alemanha, que detectou seu primeiro caso no país na sexta-feira.

Fabian Leendertz, do Instituto Robert Koch, descreveu o surto como uma epidemia. "No entanto, é muito improvável que esta epidemia dure muito. Os casos podem ser bem isolados por rastreamento de contatos e também existem medicamentos e vacinas eficazes que podem ser usadas se necessário", disse.

Não existe uma vacina específica para a varíola do macaco, mas os dados mostram que as vacinas usadas para erradicar a varíola tradicional são até 85% eficazes contra a varíola do macaco, de acordo com a OMS.

As autoridades britânicas disseram na quinta-feira que ofereceram uma vacina contra a varíola a alguns profissionais de saúde e outros que podem ter sido expostos à varíola do macaco.

O comitê da OMS que deve se reunir é o Grupo Consultivo Estratégico e Técnico sobre Riscos Infecciosos com Potencial de Pandemia e Epidemia, que aconselha a organização sobre riscos de infecção que podem representar uma ameaça à saúde global.

Casos incomuns

Desde 1970, casos de varíola dos macacos foram relatados em 11 países africanos. A Nigéria teve um grande surto desde 2017 – até agora este ano, houve 46 casos suspeitos, dos quais 15 foram confirmados, segundo a OMS. O primeiro caso europeu foi confirmado em 7 de maio em um indivíduo que retornou à Inglaterra da Nigéria.

Muitos dos casos não estão ligados a viagens ao continente. Como resultado, a causa desse surto não é clara, embora as autoridades de saúde tenham dito que há potencialmente algum grau de disseminação na comunidade.

Na Grã-Bretanha, onde 20 casos já foram confirmados, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido disse que os casos recentes no país foram predominantemente entre homens que se identificaram como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens. Os 14 casos iniciais em Portugal – já são 23 – foram todos detectados em clínicas de saúde sexual e são também em homens que se autoidentificam como gays, bissexuais ou homens que fazem sexo com homens.

As autoridades de saúde da Espanha disseram que 23 novos casos foram confirmados na sexta-feira, principalmente na região de Madri, onde a maioria das infecções está ligada a um surto em uma sauna para adultos.

Ainda é muito cedo para dizer se a doença se transformou em uma doença sexualmente transmissível, disse Alessio D'Amato, comissário de saúde da região do Lácio, na Itália. Três casos foram registrados até agora no país. O contato sexual, por definição, é um contato próximo, acrescentou Stuart Neil, professor de virologia do Kings College London. "A ideia de que há algum tipo de transmissão sexual nisso, eu acho, é um pouco exagerada", disse ele.

Cientistas estão sequenciando o vírus de diferentes casos para ver se eles estão ligados, disse a OMS. Espera-se que a agência forneça uma atualização em breve.

O chefe europeu da Organização Mundial da Saúde disse hoje que está preocupado que a propagação da varíola possa acelerar na região, à medida que as pessoas se reúnem para festas e festivais nos meses de verão. "À medida que entramos na temporada de verão na região europeia, com reuniões de massa, festivais e festas, estou preocupado que a transmissão possa acelerar, pois os casos atualmente detectados estão entre aqueles que praticam atividade sexual e os sintomas são desconhecidos para muitos", afirmou Hans Kluge em comunicado.


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