Polícia retira ativistas da embaixada da Venezuela em Washington
Militantes invadiram local com propósito de denunciar a existência de um plano de golpe de Estado contra Maduro
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Os últimos quatro ativistas pró-Nicolás Maduro que permaneciam na embaixada da Venezuela em Washington foram retirados do local pela polícia nesta quinta-feira, encerrando um inédito conflito em relação à ocupação da sede diplomática que durou semanas. Há mais de um mês e com a anuência do governo de Maduro, um grupo de ativistas americanos dormia no local para impedir a entrada da delegação do líder opositor e autoproclamado presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, reconhecido no cargo pelos Estados Unidos.
"Vários policiais entraram na embaixada", disse à imprensa a representante dos ativistas, Mara Verheyden-Hilliard, advogada da Associação para a Justiça Civil, que confirmou que os quatro militantes que estavam no prédio foram detidos. Todo o perímetro da embaixada estava isolado e um veículo da polícia impediu o registro de imagens do momento da retirada dos manifestantes do local.
O governo de Nicolás Maduro classificou como um "ato de soberba" por parte dos Estados Unidos a retirada de militantes legalistas da embaixada, considerando também que a ação foi uma violação do direito internacional. "Mais uma vez o governo (de Donald) Trump mostra que a verdade dói e reage com soberba violando o Direito Internacional", escreveu no Twitter o chanceler venezuelano, Jorge Arreaza.
Una vez más la Administración Trump demuestra que le duele la verdad y reacciona con soberbia violando el Derecho Internacional. La rueda de prensa del Embajador @SMoncada_VEN y los activistas del #Love4EPC ayer en la ONU fue una cátedra de relaciones internacionales y valentía
— Jorge Arreaza M (@jaarreaza) 16 de maio de 2019
Ambos os países romperam relações diplomáticas após Guaidó se autoproclamar presidente interino em janeiro.
Carlos Vecchio, representante do líder opositor venezuelano nos Estados Unidos, anunciou no Twitter a "liberação" da embaixada. "A liberação da nossa embaixada ocorreu graças à luta da diáspora venezuelana", escreveu Vecchio.
La liberación de nuestra embajada fue gracias a la lucha d diáspora Vzlna.Con sacrificio se mantuvo a las afuera contra todas las adversidades. Ejemplo d lucha. Gracias Matthew Burwick por convertirte en ese símbolo d lucha . Nos vemos en la embajada esta tarde. #todosalaembajada
— CARLOS VECCHIO (@carlosvecchio) 16 de maio de 2019
Em um primeiro pronunciamento, o representante escreveu em seu Twitter: "Infinitamente agradecido à diáspora venezuelana por seu sacrifício. Próxima liberação: venezuela".
ALERTA: Fuera los invasores de nuestra embajada. Cesó la usurpación.Ha tomado tiempo y esfuerzo pero cumplimos con los Vzlnos. Infinitamente agradecido a la diáspora Vzla por su sacrificio. Próxima liberación: Venezuela pic.twitter.com/mDNLDzio6S
— CARLOS VECCHIO (@carlosvecchio) 16 de maio de 2019
O representante de Guaidó também destacou que com este passo, "se inicia o processo de recuperação" das sedes diplomáticas no mundo. Um grupo de venezuelanos que estava reunido na porta dos fundos da embaixada gritava: "Viva a Venezuela". "Vim ver o resultado de 14 dias de nossa luta como comunidade, quando nos reunimos aqui na nossa embaixada para reclamar o que nos interessa", disse à AFP Roberto Nasser, um venezuelano de 56 anos, que durante duas semanas passou cerca de 16 horas por dia em frente à embaixada.
Os ativistas invadiram o local com o propósito de denunciar a existência de um plano de golpe de Estado contra Maduro, impedir a entrada de representantes de Guaidó e proteger o local após a saída dos últimos diplomatas de Maduro, em 24 de abril. No local estavam os últimos quatro militantes, que foram notificados na segunda-feira pela polícia sobre a retirada deles a força caso não desocupassem a embaixada por conta própria. Para Ariel Gold, militante de Code Pink, uma das organizações que apoiou a invasão, a entrada da polícia foi um ato "ilegal que viola a convenção de Viena".
Após a fracassada tentativa de rebelião de um grupo de militares contra o governo de Maduro, no dia 30 de abril, venezuelanos residentes na capital americana começaram a acampar fora da embaixada e cercaram o prédio para evitar a entrada de provisões. "Acredito que sem menosprezar o esforço que fizemos aqui, da comunidade como dos diplomatas, a embaixada não é o principal, é apenas uma parte, é uma situação que pode mudar de um momento para outro", concluiu Nasser.