Rebeldes do Iêmen lançam mísseis contra Emirados e Arábia Saudita

Rebeldes do Iêmen lançam mísseis contra Emirados e Arábia Saudita

Riade e Abu Dhabi condenaram os ataques

AFP

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Os rebeldes do Iêmen dispararam mísseis balísticos contra os Emirados Árabes Unidos nesta segunda-feira (24), que os interceptaram, e contra a Arábia Saudita. Duas pessoas ficaram feridas.

Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos fazem parte de uma coalizão que intervém desde 2015 no Iêmen, país devastado pela guerra, para fornecer apoio militar ao governo contra os rebeldes huthis. Estes últimos controlam a maior parte do norte do território e a capital do país, Sanaa, e recebem ajuda do Irã, grande rival regional de Riade.

Os três países estão localizados na Península Arábica. O Iêmen faz fronteira com a Arábia Saudita, e a capital dos Emirados, Abu Dhabi, fica a cerca de 1.500 quilômetros de Sanaa. Nesta segunda-feira, Riade e Abu Dhabi condenaram os ataques dos rebeldes.

Os Emirados são "uma barragem impenetrável contra as forças das trevas e do terrorismo", tuitou o conselheiro diplomático do emir Khalifa bin Zayed Al Nahayan, Anar Gargash. Já o ministério das Relações Exteriores saudita pediu à comunidade internacional para "encerrar este comportamento hostil".

Os novos ataques contra os Emirados Árabes Unidos e à Arábia Saudita ocorrem após um bombardeio atribuído à coalizão militar contra uma prisão controlada pelos rebeldes no norte do Iêmen, na sexta-feira. Pelo menos 70 pessoas morreram.

O crescente número de ataques de rebeldes huthis contra os Emirados, um rico estado do Golfo com reputação de ser um oásis pacífico no Oriente Médio, abre um novo capítulo nesta guerra deflagrada em 2014. Depois de assumir a responsabilidade pelos ataques contra os Emirados e a Arábia Saudita, os rebeldes iemenitas ameaçaram, nesta segunda, "intensificar" suas operações.

"Estamos preparados para responder a escalada com escalada", disse o porta-voz militar rebelde Yahya Saree em uma declaração televisionada.

Os rebeldes afirmaram que poderiam atacar instituições militares e econômicas dos Emirados se continuarem com sua "interferência" no Iêmen. "Designar (os houthis) como uma organização terrorista não tem nenhum valor e nunca afetará o andamento da batalha", declarou Mohammed Abdelsalam, outro porta-voz dos rebeldes, em uma entrevista ao canal Al Masirah.

Emirados e Arábia Saudita pedem aos Estados Unidos que voltem a incluir os rebeldes em sua lista de organizações terroristas, da qual foram retirados no ano passado para evitar complicar o trabalho dos cooperadores no Iêmen.

"Proteger o país"

"As defesas antiaéreas dos Emirados Árabes Unidos interceptaram e destruíram dois mísseis balísticos lançados pelo grupo terrorista huthi" nas primeiras horas da manhã, disse o Ministério da Defesa de Abu Dhabi em um comunicado. "O ataque não causou vítimas, e os destroços dos mísseis destruídos caíram em torno de Abu Dhabi", afirma a nota, acrescentando que os Emirados "estão tomando todas as medidas para proteger o país de qualquer ataque".

Poucas horas antes, no meio da noite, as autoridades sauditas anunciaram que duas pessoas ficaram feridas por um míssil balístico lançado pelos huthis contra a cidade de Jazan, ao sul. Outro míssil balístico disparado contra Dhahran Al Janub (sul) foi interceptado.

Em resposta, a coalizão militar liderada pela Arábia Saudita disse que destruiu uma "plataforma de lançamento de mísseis balísticos na região de Al Jawf", no norte do Iêmen.

Em 17 de janeiro, rebeldes iemenitas reivindicaram a responsabilidade por um ataque com drones e mísseis a instalações de petróleo e ao aeroporto de Abu Dhabi. Três pessoas morreram. Depois, ameaçaram lançar novos ataques contra os Emirados, pedindo a civis e a empresas estrangeiras que evitassem "lugares vitais" no país. Em mais de sete anos de guerra, todas as partes do conflito no Iêmen foram acusadas de "crimes de guerra" por especialistas da ONU.

A coalizão, à qual são atribuídos vários "erros" em seus ataques, reconheceu seus "equívocos" e acusou os rebeldes de usarem civis como escudos humanos. Segundo a ONU, o conflito deixou 377.000 mortos e levou uma população de 30 milhões de pessoas à beira da fome.


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