Tribunal grego rejeita atenuantes no julgamento contra partido neonazista Aurora Dourada

Tribunal grego rejeita atenuantes no julgamento contra partido neonazista Aurora Dourada

Um dos condenados é o eurodeputado Yiannis Lagos, que desertou do grupo em 2019

AFP

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A Justiça grega rejeitou, nesta segunda-feira, todas as circunstâncias atenuantes que poderiam aliviar as sentenças de prisão aos líderes do partido neonazista Aurora Dourada, considerados culpados na semana passada por "dirigir uma organização criminosa". Nikos Michaloliakos, líder e fundador, enfrenta 15 anos de prisão ao lado de seis outros líderes, incluindo o eurodeputado Yiannis Lagos, que desertou do grupo em 2019, o ex-porta-voz do partido Ilias Kasidiaris e o braço direito de Michaloliakos, Christos Pappas.

Os sete haviam solicitado a análise de circunstâncias atenuantes, rejeitadas nesta segunda-feira pelo Tribunal Penal de Atenas, segundo revelou uma fonte judicial. No total, foram julgados 68 líderes e membros do Aurora Dourada, 18 deles ex-deputados do partido. Cinquenta réus foram considerados culpados na semana passada de "liderança" e/ou "pertencimento a uma organização criminosa", e uma dúzia foi absolvida.

Após três dias consecutivos de audiências, as sentenças, que deveriam ser anunciadas na terça-feira, foram adiadas devido ao pedido nesta segunda de um dos principais réus, Yiannis Lagos, para que três juízes do tribunal sejam substituídos, segundo fonte judicial. No entanto, o porta-voz do governo, Stelios Petsas, anunciou que "o tribunal comunicará as sentenças em poucas horas".

Michaloliakos, fundador do partido, rejeitou a condenação no Twitter: "Fomos julgados por nossas ideias", escreveu. Ele também acrescentou que: "Quando os imigrantes ilegais forem a maioria na Grécia, quando o governo ceder à Turquia e quando os gregos estiverem desempregados ou vivendo nas ruas, eles se lembrarão do Aurora Dourada". Sua conta no Twitter foi suspensa pouco depois.

Veredicto ocorreu na quarta-feira

O veredicto do tribunal foi saudado na última quarta-feira por uma multidão de mais de 20 mil pessoas reunidas em frente ao tribunal. Breves distúrbios ocorreram entre os opositores ao Aurora Dourada e a polícia. Uma manifestação de apoiadores do Aurora Dourada convocada por Yiannis Lagos foi proibida pela polícia nesta segunda-feira. Ele escreveu no Twitter que "não estou com medo", em referência ao tribunal que o está julgando.

O eurodeputado considerou na semana passada que foi condenado por "uma equipe de medíocres controlados que pisotearam a lei em todos os sentidos". Nesta segunda, seu advogado Constantinos Plevris, autor de um livro antissemita, declarou no tribunal que teve a impressão de estar diante de "um tribunal da Revolução Francesa", afirmando que o veredicto foi condicionado pela grande presença de manifestantes antifascistas.

A condenação, qualificada pela presidente da República Katerina Sakellaropoulu como "histórica", aconteceu após cinco anos e meio de julgamento, e confirmou por unanimidade a culpa do Aurora Dourada em vários crimes, como na morte de um paquistanês em 2013 ou em ataques contra sindicalistas comunistas naquele mesmo ano e contra pescadores egípcios em 2012.

Mas foi o assassinato do rapper e militante de esquerda Pavlos Fyssas, na noite de 18 de setembro de 2013, que fez com que as autoridades gregas levassem o Aurora Dourada à Justiça. Até então, o partido neonazista havia desfrutado de quase impunidade.

Neste caso, o membro do partido Yorgos Rupakias foi considerado culpado de "homicídio voluntário" e pode ser condenado à prisão perpétua. Este longo processo judicial provocou o declínio progressivo do Aurora Dourada, a terceira força política em 2015, que não elegeu nenhum deputado nas últimas eleições legislativas de julho de 2019.

 

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