Trump admite diálogo com presidente ucraniano sobre "corrupção dos Biden"

Trump admite diálogo com presidente ucraniano sobre "corrupção dos Biden"

Presidente americano afirmou não haver "nada de inapropriado" no telefonema

AE

Presidente americano afirmou não haver "nada de inapropriado" no telefonema

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O presidente dos EUA, Donald Trump, reconheceu neste domingo, ter falado em um telefonema sobre seu possível rival na eleição de 2020, Joe Biden, com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Democratas se movimentam para que o presidente seja investigado por pressão política sobre o líder ucraniano para investigar Biden e seu filho Hunter. Trump diz que não fez nada errado.

Na semana passada, a imprensa americana divulgou que um funcionário de inteligência do governo fez uma denúncia anônima sobre Trump. Essa fonte reportou a seus superiores que o presidente fez promessas ao líder ucraniano e pediu investigação sobre Biden e seu filho. O Conselho Nacional de Inteligência deveria ter notificado a Câmara, controlada pelos democratas, sobre o caso.

Segundo o Wall Street Journal, Trump pediu oito vezes a Zelenski no telefonema que os ucranianos investigassem a atuação do filho de Biden na diretoria de uma empresa de gás local e ajudassem seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, na apuração sobre supostas irregularidades de Hunter Biden na companhia. Neste domingo, Trump disse que não houve nada de inapropriado no telefonema, mas admitiu ter citado Biden nas conversas. "Basicamente o felicitei (pela eleição), falamos de corrupção e do fato de que não queremos pessoas como o ex-vice-presidente Biden e seu filho criando corrupção na Ucrânia", disse Trump.

Giuliani já reconheceu publicamente ter pressionado membros do governo ucraniano para investigar o filho de Biden. Na sexta-feira, Trump pediu à imprensa americana que a família do ex-vice-presidente seja investigada também. O interesse do presidente nas ações da família de Biden na Ucrânia coincide com a decisão da Casa Branca de congelar US$ 250 milhões em verbas de segurança para o país. Apesar disso, não há indício até agora de que o dinheiro tenha sido mencionado no telefonema. Giuliani ironizou a tentativa dos democratas de investigar se há uma correlação entre o congelamento da ajuda à Ucrânia e a pressão por investigações a rivais políticos de Trump. "Eles (os democratas) perderam qualquer credibilidade."

O ex-prefeito de Nova Iorque, que também pertence ao Partido Republicano, disse que o caso da Ucrânia é bem-vindo para Trump porque joga os holofotes na atuação da família de Biden na Ucrânia. "A realidade é que eu quero que os democratas pressionem mais sobre uma investigação do que eu fiz na Ucrânia, eu estimulo isso", disse. "Só estou fazendo o meu trabalho como um pobre e simples advogado defendendo os interesses do seu cliente." Biden disse à imprensa, no sábado, que as ações de Trump parecem "ser um aterrador abuso de poder". "Sei o que estou enfrentando, um abusador em série. É isso que esse cara é", afirmou Biden.

O Partido Democrata se mostrou dividido sobre pressionar pela abertura de um processo de julgamento político contra Trump desde que ele chegou ao poder, em 2017. Mas o influente deputado Adam Schiff, presidente do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes, disse no sábado que suas próprias dúvidas sobre um processo de impeachment estavam desaparecendo com essa ligação de Trump à Ucrânia. "Estamos falando de abuso grave ou flagrante e possível violação da lei", disse Schiff à CNN. Ele pediu ainda a divulgação total de qualquer conduta ilícita do presidente. "Tenho muita relutância em seguir o caminho da destituição, (mas) o presidente está nos empurrando nesse caminho". Um processo de impeachment dependeria de votos de republicanos no Congresso, o que torna improvável uma destituição por essa via.


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