Trump comuta pena de prisão de seu amigo Roger Stone
Amigo do presidente norte-americano foi condenado em fevereiro a 40 meses de prisão por obstruir uma investigação do Congresso ligada à conspiração russa nas eleições de 2016
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comutou a sentença de prisão de seu amigo Roger Stone, condenado em fevereiro a 40 meses de prisão por obstruir uma investigação do Congresso ligada à conspiração russa nas eleições de 2016.
"Roger Stone agora é um homem livre!", indicou a Casa Branca em um comunicado dias antes do consultor político republicano de Trump e confidente aparecer na prisão federal para começar a cumprir sua sentença.
Stone foi condenado em novembro passado por mentir ao Congresso, manipular um testemunho e obstruir a investigação da Câmara dos Representantes sobre o apoio da Rússia na campanha de Trump em 2016.
A declaração da Casa Branca reiterou a acusação de Trump de que o procurador especial Robert Mueller investigou um suposto crime que nunca foi cometido. Ele argumentou que Stone, portanto, nunca deveria ter sido acusado. "O simples fato é que, se o procurador especial não tivesse realizado uma investigação absolutamente infundada, Stone não seria condenado à prisão", afirmou.
No Twitter, o presidente norte-americano afirmou que Stone havia sido alvo de uma "caça às bruxas" ilegal. "É no outro lado que são criminosos, incluindo Biden e Obama, que espionaram minha campanha - E FORAM PEGOS!", concluiu.
Roger Stone was targeted by an illegal Witch Hunt that never should have taken place. It is the other side that are criminals, including Biden and Obama, who spied on my campaign - AND GOT CAUGHT!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 11, 2020
Em um comunicado, o advogado de Stone, Grant Smith, afirmou que seu cliente estava "incrivelmente honrado de que o presidente Trump tenha usado seu assombroso e e único poder sob a Constituição dos Estados Unidos para este ato de misericórdia".
O governo Trump já havia atuado em uma oportunidade para ajudar Stone. Depois que os promotores recomendaram uma pena de sete a nove anos de prisão, o procurador-geral, Bill Barr, acusado de agir como advogado pessoal de Trump, qualificou a decisão como excessiva. Os quatro promotores que cuidam do caso o abandonaram e um promotor recém-nomeado recomendou de três a quatro anos de prisão.
Stone é um dos seis integrantes do círculo mais próximo do presidente a ter sido acusado ou condenado no caso da investigação russa.
Adam Schiff, deputado democrata que comandou no ano passado o julgamento político por abuso de poder contra Trump no Congresso, criticou duramente o presidente. "Com Trump agora os Estados Unidos têm dois sistemas de justiça: um para os amigos criminais de Trump e outro para todos os demais".
O líder da bancada democrata no Senado, Chuck Schumer, criticou um "presidente sem lei que considera o Departamento de Justiça seu brinquedo pessoal". Outros democratas acusaram os líderes republicanos de tolerar um comportamento presidencial que pode levar ao colapso do sistema de justiça e do Estado de direito.
Barr já havia sido criticado pela decisão de seu departamento de retirar o caso contra o primeiro conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn, que se declarou culpado em 2017 de mentir ao FBI sobre seus contatos com a Rússia. No mês passado, o governo afastou Geoffrey Berman, promotor de Nova Iorque conhecido por investigar os aliados de Trump.
Nos últimos meses, o governo também demitiu ou rebaixou inspetores gerais do Pentágono, da comunidade de inteligência e do Departamento de Saúde e Serviços Humanos, assim como um alto funcionário da área de Saúde que questionou a divulgação por Trump de remédios sem comprovação científica no tratamento da Covid-19.
O inspetor geral do Departamento de Estado, Steve Linick, foi demitido em junho depois de coordenar uma investigação por conduta inapropriada contra o secretário de Estado, Mike Pompeo.
Mais de mil ex-funcionários do Departamento de Justiça assinaram um comunicado para pedir a renúncia de Barr por sua interferência para obter uma sentença mais leve em favor de Stone.