UE não reconhece plebiscito na Catalunha, mas pede diálogo na Espanha
Mais de 760 pessoas foram feridas durante confronto com a polícia espanhola
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No domingo, catalães foram às urnas num plebiscito considerado ilegal pela Justiça espanhola. Com cerca de 38% de eleitores, o governo catalão insiste que o apoio pela independência atingiu 90% dos votos. Bruxelas deixou claro que a Comissão Europeia não pretende reconhecer uma declaração unilateral de independência e que "confia" no papel do premiê do governo espanhol, Mariano Rajoy, para solucionar a crise catalã, respeitando os direitos fundamentais.
A UE reiterou ainda seu apoio à "ordem constitucional" na Espanha. "A Comissão acredita que são tempos de unidade e estabilidade, e não de divisões e fragmentação", disse.
"Segundo a Constituição espanhola, o voto de ontem na Catalunha não foi legal", disse. "Para a Comissão, esse é um assunto interno da Espanha que deve ser gerido de acordo com a ordem constitucional. Também reiteramos a posição legal mantida por essa Comissão: se um plebiscito não foi organizado de acordo com Constituição, ele implicaria que o território ficaria de fora da UE", explicou.
Violência
Tímida em condenar os incidentes em Barcelona, a UE se limitou a dizer que a "violência nunca pode ser um instrumento na política". Questionado de forma insistente por jornalistas de toda a Europa, o porta-voz se recusou a qualificar se o uso da força pelos policiais foi ou não desproporcional. "Não opinarei se a atuação da polícia é proporcional", disse.
Bruxelas se recusou ainda a dizer se condena ou não o que ocorreu em Barcelona e nem quantos feridos seriam necessários para que a UE possa reagir oficialmente contra um governo. A violência da polícia espanhola gerou duras reações por parte de dezenas de eurodeputados e mesmo de governos na Europa, apelando para que tais medidas não fossem adotadas.
Para a UE, cabe às "partes implicadas se colocar em um diálogo e começar o processo. A Comissão não tem esse papel nessa fase", disse. "Queremos que esse processo possa emergir, depois da confrontação", afirmou.
O porta-voz tampouco respondeu o motivo pelo qual a UE reconheceu a independência do Kosovo, e não da Catalunha. "Era um contexto específico", insistiu. "As situações não são comparáveis", completou.