Organização criminosa movimentava R$ 1 milhão por mês com agiotagem no RS

Organização criminosa movimentava R$ 1 milhão por mês com agiotagem no RS

Polícia Civil investiga grupo que cobrava juros extorsivos das vítimas, que eram ameaçadas e perdiam até bens em caso de inadimplência

Correio do Povo

Houve cumprimento de 64 ordens judiciais e bloqueio de R$ 5,5 milhões em patrimônio

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Uma organização criminosa que movimentava cerca de R$ 1 milhão por mês com agiotagem foi alvo na manhã desta quarta-feira da operação Waterfall da Polícia Civil. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Viamão, coordenada pelo delegado Eduardo Limberger do Amaral, investiga os crimes de extorsão, roubo, furto qualificado, lavagem de dinheiro e usura pecuniária, entre outros.

A ação mobilizou em torno de 150 agentes em Viamão, Alvorada e Porto Alegre. Houve o cumprimento de 64 medidas cautelares, entre prisões preventivas, prisões temporárias, mandados de busca e apreensão, constrição patrimonial e bloqueio de ativos. Cerca de R$ 5,5 milhões foram bloqueados judicialmente em patrimônio, sendo recolhidos quatro veículos, 50 telefones celulares, 20 computadores e mais de R$ 20 mil em espécie.

Onze suspeitos foram presos de um total de 26 suspeitos investigados. O líder do grupo é o dono de uma empresa de agenciamento de jogadores de futebol, estabelecida na Capital. “Ele usava dinheiro da extorsão para investir na empresa”, resumiu o delegado Eduardo Limberger do Amaral à reportagem do Correio do Povo.

De acordo com o titular da Draco, o esquema criminoso oferecia empréstimos a juros excessivos. Com a inevitável inadimplência, as vítimas eram submetidas a cobranças extorsivas. “Eles ameaçavam também de morte as vítimas e os familiares, ameaçavam invadir as residências e obrigavam a transferência dos bens”, observou.

O perfil em geral das vítimas eram de pessoas negativadas no sistema financeiro legal e que não conseguiam empréstimos em bancos. O dinheiro repassado pelos agiotas eram em média valores baixos, como por exemplo R$ 2 mil e R$ 3 mil. “Eles cobravam juros de 100%. Se não atrasasse, a vítima perdia o dobro. Se atrasasse, eles lançavam um percentual bem maior…”, revelou. “Quanto mais a vítima cedia às pressões, mais eles exigiam…”, acrescentou.

O grupo de agiotas tinha quatro divisões internas: a liderança, a coordenação da cobrança, a equipe de cobrança e o braço financeiro com "laranjas" que emprestavam as contas para a organização criminosa. Todas as transações com as vítimas ocorriam através do aplicativo WhatsApp.

Conforme o titular da Draco de Viamão, os valores obtidos pelos criminosos eram então investidos em empresas e utilizados para a compra de casas e carros de luxo. A lavagem de dinheiro será o próximo passo da investigação. “Tem indícios claros de lavagem de dinheiro”, enfatizou o delegado Eduardo Limberger do Amaral.


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