Acertos do PL com partidos inimigos desagradam Bolsonaro

Acertos do PL com partidos inimigos desagradam Bolsonaro

Reação negativa nas redes sociais causou reviravolta. Bolsonaro rejeita “compromissos assumidos” pelo presidente do PL

R7

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Conhecido no meio político como "cumpridor de acordos", o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, está em apuros. Se por um lado está a um passo de projetar o partido a um patamar jamais sonhado, com a anunciada filiação presidente Jair Bolsonaro, por outro, precisa manter a fama e honrar a palavra em acordos fechados com o atual governador de São Paulo, João Doria, um dos principais adversários de Bolsonaro, e com diretórios regionais do nordeste, que não abrem mão de apoiar o ex-presidente Lula.

Com Doria, Valdemar acertou o apoio à candidatura do vice-governador, Rodrigo Garcia, ao Palácio dos Bandeirantes. A aliança é impensável para Bolsonaro, hoje desafeto de Doria, e ainda compromete o projeto de lançar ao governo do estado um dos homens fortes do presidente: o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas.

O PL, neste momento, participa da gestão de Doria, inclusive com cargos-chave. A legenda domina a área de infraestrutura e comanda o Departamento de Água e Energia, e o de Estradas e Rodagem - fatias de poder das quais os aliados de Costa Neto não estariam dispostos a abrir mão.

O presidente do PL também tem acordos com lideranças petistas no Piauí e em Alagoas, onde o partido fecha com Lula. Esses diretórios regionais não aceitam se submeter aos planos de Bolsonaro. E, com a anunciada intenção de ter "um partido para chamar de seu", o presidente, por sua vez, rejeita qualquer composição com petistas.

Pesou na guinada de Bolsonaro - que levou ao adiamento, sem nova data prevista, do "festão de filiação" no dia 22, como chegou a ser anunciado pela cúpula do PL - a forte oposição de um interlocutor influente: Carlos Bolsonaro. O vereador, filho do presidente, teria fomentado a reação negativa de seguidores e apoiadores da internet - reduto importante de influência do bolsonarismo e ao qual o capitão é particularmente sensível.

"Já deu ruim" - conclui um interlocutor próximo a Valdemar Costa Neto, diante da reviravolta inesperada que joga água gelada na filiação. "Se o presidente vê problemas para entrar no PL, em outros partidos ele terá ainda mais", prevê. "Ele precisa do PL", reforçou, alertando que o tempo trabalha contra Bolsonaro, com adversários de peso avançando rapidamente na pré-campanha, como Lula e Sérgio Moro.


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