Luís Miranda diz que alertou Bolsonaro sobre Covaxin em março

Luís Miranda diz que alertou Bolsonaro sobre Covaxin em março

Parlamentar levou informações do irmão Ricardo Miranda sobre supostas irregularidades. Eles irão depor à CPI na sexta

R7

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O deputado Luís Miranda (DEM-DF) disse ao R7 Planalto que levou em março ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) indícios de superfaturamento e pedido de pagamento antecipado em contratos do Ministério da Saúde para a compra da vacina indiana Covaxin.  "Bolsonaro e eu fomos eleitos com a mesma bandeira, do combate à corrupção, e por isso levei o assunto ao presidente".

Os indícios de problemas foram detectados pelo irmão do deputado, servidor concursado do Ministério da Saúde em 2011, Ricardo Miranda. Além do preço e de pedido de pagamento antecipado, havia indícios de que as vacinas estavam próximas do prazo da validade o que tornaria a aplicação nos brasileiros quase impossível. 

Luís Miranda disse que levou as informações do irmão ao presidente no dia 20 de março, no Palácio da Alvorada, e que o presidente disse que iria encaminhar o material à Polícia Federal. Miranda espera desde então um retorno sobre o assunto e disse que não conseguiu mais, depois dessa data, ter uma conversa com Bolsonaro. Cobrou auxiliares e recebeu como resposta que Bolsonaro estava muito atarefado. 

O parlamentar falou ainda que resolveu tornar públicas nesta quarta-feira (23) as informações que já havia levado ao presidente Jair Bolsonaro porque um áudio do seu irmão, que respondia perguntas ao Ministério Público sobre outra investigação em curso, foi vazado. "Ele foi questionado pelo Ministério Público e respondeu perguntas, não fez uma denúncia ao MP". 

Segundo Miranda, desde 2020 o servidor Ricardo sofria pressões para realizar certos contratos e chegou a ser exonerado do cargo, situação revista pelo ministro da Saúde após intervenção do deputado. Ricardo Miranda participava de investigação sobre atos que considerava suspeitos, ilícitos e conversava com o Ministério Público. 

Em 2021, outro problema, dessa vez em relação às compras da Covaxin. O Ministério da Saúde tinha um contrato assinado com empresa A, e Ricardo Miranda recebeu um invoice (nota fiscal para o Ministério pagar) para empresa C, "que não estava contratada com discrepâncias claras ao contrato assinado". Miranda explicou que o contrato dizia que o pagamento seria após o recebimento e no Invoice o pagamento era adiantado e com 300 mil doses a US$ 45 milhões pagos naquele momento, diferente do contrato. 

Ricardo Miranda relatou que recebeu pressão para pagar o invoice, e diante disso levou tudo ao irmão, que levou ao presidente. 

O deputado e Ricardo Miranda serão ouvidos na próxima sexta-feira (25) pela CPI da Covid e Luís Miranda já disse que levará todo o material que tem em mãos com os indícios de irregularidades.  


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