Roberto Ramos revela "banco fake" e suposta fraude em depoimento na CPI da Covid

Roberto Ramos revela "banco fake" e suposta fraude em depoimento na CPI da Covid

Empresa foi usada para oferecer uma carta de fiança pela Precisa Medicamentos na compra da Covaxin

AE

Diretor do FIB Bank, Roberto Pereira Ramos Júnior, concede depoimento a CPI da Covid

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O depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid desta quarta-feira começou expondo a participação de uma empresa cercada de suspeitas no contrato da Covaxin. O convocado é o diretor da FIB Bank, Roberto Pereira Ramos. A empresa foi usada para oferecer uma carta de fiança pela Precisa Medicamentos na compra.

A inconsistência das informações da FIB Bank reforça as suspeitas da CPI sobre um esquema de fraude e superfaturamento no contrato da vacina indiana. Em fevereiro, o Ministério da Saúde empenhou R$ 1,6 bilhão para compra do imunizante. Após o avanço da investigação, o governo cancelou a compra.

De forma inicial, tanto o depoente quanto os senadores deixaram claro que a empresa não é um banco, apesar de ter "bank" no nome. Pela legislação e regulamentação brasileira, a companhia não poderia usar o nome "banco", em português, sem ser de fato uma instituição financeira.

A CPI suspeita que, na verdade, a empresa seja uma companhia de fachada e cercada de fraudes. O diretor da FIB Bank declarou que a companhia tem um capital social de R$ 7,5 bilhões integrado a partir de só dois imóveis. Além disso, a CPI identificou uma remuneração de R$ 4 mil para o diretor, considerada incompatível com, por exemplo, o imóvel que declarou morar, no valor de R$ 400 mil a R$ 500 mil.

Outra inconsistência exposta no início do depoimento foi sobre a carta de fiança para a compra da Covaxin. A FIB Bank havia encaminhado à CPI o documento com a data de 17 de março. No depoimento, o diretor informou uma data diferente - 17 de fevereiro -, e foi acusado de fraudar o conteúdo encaminhado anteriormente à comissão. Além disso, supostos sócios da FIB Bank acionaram a Justiça alegando não terem participação na empresa.

"Eu me sinto envergonhado de estar aqui sapateando em cima de uma picaretagem dessa e ainda tentou vender para o governo", afirmou o senador Jorginho Mello (PL-SC), aliado do presidente Jair Bolsonaro, pedindo que o depoimento fosse encerrado com as devidas "providências". A senadora Simone Tebet (MDB-MS), por outro lado, insistiu na continuidade da audiência. "A pergunta maior é por que o Ministério da Saúde aceitou uma garantia que não era bancária e que não era permitida. Fazia parte do conluio para fraudar e superfaturar a Covaxin?", questionou a parlamentar.


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