Agronegócio gaúcho propõe ao governo federal nova política de crédito rural

Agronegócio gaúcho propõe ao governo federal nova política de crédito rural

Para o economista-chefe da Farsul, modelo atual não têm beneficiado os produtores, mas os bancos

Cíntia Marchi

"Produtos que está segurado não se endivida", afirmou o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul, Antônio da Luz

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O economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, apresentou nessa quinta-feira, durante o Fórum de Mercado da 29ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz, uma proposta de nova política de crédito rural que o setor do agronegócio está oferecendo à equipe econômica do governo federal. Para o economista, um dos pontos críticos do atual modelo, que considera esgotado, é que os subsídios não têm beneficiado os produtores, mas os bancos. A proposta que defendida em Capão do Leão tem como pilar o seguro rural.

O economista explicou que, pelo projeto, o produtor terá que procurar, primeiro, a seguradora e escolher a sua modalidade de seguro. É neste momento que o acessará o subsídio. Depois, buscará custeio com o agente financeiro. A tendência é que o produtor consiga crédito a juros baratos já que terá garantia de ter sua lavoura segurada. “Produtor que está segurado não se endivida”, reforçou o economista.

Para subvencionar este modelo, Da Luz aponta que há R$ 15 bilhões que o governo gasta atualmente com a agricultura empresarial e outros R$ 4 bilhões com a agricultura familiar em programas, manutenção da máquina pública, pagamento de quadro pessoal e consultorias. “Queremos uma proposta que una três políticas em uma só: seguro, crédito e endividamento, e use os mesmos recursos que hoje são mal empregados”, ressaltou.

Segundo Da Luz, um dos sinais que demonstra que o atual modelo de crédito rural faliu é que, enquanto os custos de produção cresceram 22% da safra de 2013/2014 para a de 2017/2018, os recursos efetivamente emprestados aos produtores caíram 10,44%.Também no Fórum de Mercado, representantes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimaram altas nos preços do arroz em 2019, sobretudo para o segundo semestre, em função de uma menor produção do grão no Brasil e também no Mercosul. Os preços da saca podem chegar a uma média de R$ 52,10, segundo o gerente de Fibras e Alimentos Básicos da Conab, economista Sérgio Santos.

Apesar de uma estimativa de reação nas cotações, que é uma notícia boa para o setor que sofre com preços baixos mesmo na entressafra, há pontos que pesam contra, como a concorrência dos grãos do Mercosul, principalmente do Paraguai, e o baixo consumo de arroz no Brasil. Segundo o diretor executivo do Sindicato da Indústria do Arroz (Sindarroz), Tiago Barata, o consumo nacional do cereal caiu 17% nos últimos 20 anos. Promovida pela Federarroz, a Abertura da Colheita termina hoje na Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, na Zona Sul do Estado.


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