Argentina tenta estatizar o Grupo Vicentin

Argentina tenta estatizar o Grupo Vicentin

Medida não deve causar efeitos imediatos no mercado brasileiro de soja e deve beneficiar produtores que trabalham na empresa

Correio do Povo

Para especialistas, a mudança não preocupa o mercado de soja brasileiro

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A intenção de estatizar o Grupo Vicentin, líder de processamento de soja na Argentina, anunciada no início do mês pelo governo de Alberto Fernandez, vem provocando acalorados debates entre grupos favoráveis e contrários à medida no país sul-americano.

O governo editou um decreto de urgência com prazo de 60 dias para o Congresso aprovar a desapropriação da empresa. "O Grupo Vicentin tem uma crise financeira na qual o Estado é o seu principal credor", afirmou o presidente à imprensa local.

O analista de mercado da Scot Consultoria, Rafael Ribeiro, afirma que a situação não causa efeitos imediatos no Brasil. "Hoje, a variação cambial e a demanda chinesa são os fatores que mais interferem nos preços do nosso país", explica.

O diretor de Políticas Agrícolas e Desenvolvimento Rural da Secretaria da Agricultura, Ivan Bonetti, esclarece que a estatização gera receio nos empresários argentinos, mas poderá ser boa para os produtores que trabalham com a empresa. "O grupo estava em processo de falência e com dificuldade de pagar esses agricultores", enfatiza.

No mercado brasileiro e gaúcho, Bonetti reitera que a mudança não preocupa, já que a demanda mundial de soja está aquecida e, mesmo que a Argentina aumente sua participação no comércio, não prejudicará o Brasil. Porém, salienta que esse processo poderá causar incertezas nas empresas processadoras e exportadoras de grãos sediadas na Argentina, que poderão estudar mudança para o Brasil.
 


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