Estoque do Paraquate deve ser recolhido em 30 dias

Estoque do Paraquate deve ser recolhido em 30 dias

Alternativas existentes no mercado são consideradas mais caras pelos agricultores, que estão proibidos de usar o herbicida a partir de hoje

Cíntia Marchi

Herbicida que até então era aplicado normalmente tem indicativo de causar o Mal de Parkinson

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Como o uso, a comercialização e a produção do ingrediente ativo Paraquate estão proibidos no Brasil a partir de hoje, as empresas titulares de registro deverão recolher os estoques do produto existentes em estabelecimentos comerciais e em poder dos agricultores em até 30 dias, segundo determina a resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), que monitora as vendas de agrotóxicos no Estado, fiscalizará o cumprimento das regras.

De acordo com o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja/RS), Décio Teixeira, muitas propriedades rurais possuem o herbicida guardado, até porque fariam o uso do Paraquate, principalmente em outubro, para dessecação de plantas daninhas antes do plantio da soja. Ele orienta os agricultores a deixarem de aplicar o agrotóxico a partir de agora para evitar penalidades, mas critica a decisão da Anvisa de banir o ingrediente ativo.

FISCALIZAÇÃO - “A Anvisa tem que estudar mais o produto e não impor suas decisões de cima para baixo”, contesta Teixeira, ao alegar que o produtor terá que arcar com prejuízos por não poder usar o herbicida já adquirido. Segundo Teixeira, há alternativas, como o glufosinato e o glifosato, mas todas mais caras do que o Paraquate.

O chefe da Divisão de Insumos e Serviços Agropecuários (Disa) da Seapdr, Rafael de Lima, observa que a Anvisa ainda poderá deliberar sobre o que fazer dos estoques do Paraquate. No entanto, o que vale hoje é a proibição em todo o país. Lima diz que a secretaria está identificando, para possível fiscalização, as propriedades que possuem grandes volumes do produto. Ele revela ainda que está mantendo contatos com fiscais de outros estados, onde o plantio da soja ocorre antes do que no Rio Grande do Sul, para ver como está a dinâmica de recolhimento do agrotóxico.

A decisão pelo banimento ocorreu em 2017, depois de a Anvisa finalizar a reavaliação toxicológica do ingrediente ativo do Paraquate, e confirmada na semana passada. Na época, a agência estipulou o período de três anos para a proibição entrar em vigor.


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