Fatores internacionais influenciam alta do milho

Fatores internacionais influenciam alta do milho

Variação cambial, quebra da safra norte-americana e redução de estoques mundiais estão entre os motivos que justificam a disparada dos preços

Danton Júnior

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Fatores relacionados aos mercados internacional e doméstico impulsionaram a recente alta no preço do milho, segundo analistas do setor. A cotação da saca de 60 quilos passou de R$ 80,00 nesta semana na maior parte das regiões do país, o dobro do que valia há um ano. A elevação provocou a reação da indústria de aves, que anunciou a diminuição da produção e repasse de custos. O setor da proteína animal alega não ver motivos para o aumento, uma vez que as exportações do cereal registraram queda e o Brasil vem de uma safra positiva.

No cenário internacional, o economista-chefe do Sistema Farsul, Antonio da Luz, aponta que um dos principais fatores foi a quebra da safra de milho dos Estados Unidos colhida em 2020. Maior produtor mundial do grão, o país norte-americano colheu 20 milhões de toneladas a menos no último ciclo, totalizando 346 milhões de toneladas. Ao mesmo tempo, conforme o economista, este é o quarto ano consecutivo de consumo maior do que a produção no mundo. “Estamos reduzindo estoques mundiais, isso faz com que o preço internacional suba”, resume.

Outro fator importante é o desequilíbrio cambial. Em fevereiro, antes do início da pandemia da Covid-19, o dólar estava na casa dos R$ 4,15. Depois disso, em pouco tempo, passou de R$ 5,50, o que impacta no preço de todas as commodities.

A estiagem que afetou a produção de milho do Rio Grande do Sul, onde estão situadas muitas indústrias de aves e suínos, contribuiu para fazer com que mais grãos tivessem de ser trazidos de fora do Estado, aumentando os custos em razão do frete.

Segundo o consultor Carlos Cogo, o preço do milho avançou 71,7% de janeiro a outubro e 102,4% nos últimos 12 meses. O analista observa que os maiores volumes são exportados de julho até janeiro, oriundos da segunda safra do país. Destaca ainda que, quando a segunda safra foi colhida no Brasil, mais de 80% dela já estava negociada. “Por isso a oferta livre no mercado é muito restrita”, constata.

De janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou 20,1 milhões de toneladas de milho, volume 29% menor que o do mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério da Economia. O principal destino foi o Irã, que respondeu por 12% dos embarques, mas reduziu suas compras em 49%.


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