Indústria sinaliza querer retirada da TEC do arroz

Indústria sinaliza querer retirada da TEC do arroz

Setor alega que há pouca oferta interna, mas produtores sustentam que o país dispõe de estoques num ano em que, enfim, preço cobre os custos

Correio do Povo

Com base nas últimas cinco safras, o Brasil produziu, anualmente, entre 10,4 e 12,4 milhões de toneladas de arroz e participa com 76% da produção do Mercosul, seguido pela Argentina, Uruguai e Paraguai

publicidade

A Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz) vai propor à Câmara Setorial Nacional do Arroz a retirada da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul sobre as importações do cereal de outros mercados, que é de 12%. Alega, como justificativa, a necessidade de aumentar a disponibilidade do grão para beneficiamento, já que há muita demanda e a oferta interna está limitada.

O diretor-executivo do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado (Sindarroz-RS), Tiago Sarmento Barata, afirma que o escoamento da safra gaúcha nos cinco primeiros cinco meses do ano comercial teve um incremento de 27% em relação a 2019, intensidade que deixa a indústria apreensiva. Mesmo assim, aponta que não está faltando grão. “Sabemos que há arroz para abastecer o mercado interno, mas não está na mão das indústrias”, comenta.

O analista de mercado de arroz, Cleiton Evandro dos Santos, explica que o produtor está segurando a venda e que não há como cobrar outro comportamento de quem, em 14 safras, só conseguiu ter rentabilidade em três, se for considerado o custo médio de produção, a média de produtividade e o preço médio de venda. Santos entende que o movimento das cotações tem levado o produtor a ter baixo interesse nas vendas. O preço da saca de 50 quilos tem subido cerca de R$ 5,00 por semana. Segundo o Indicador do Arroz em Casca Esalq/Senar-RS, passou de R$ 68,04 em 31 de julho para R$ 83,09 em 21 de agosto. O analista de mercado observa, no entanto, que hoje não se consegue comprar o produto no mercado físico por menos de R$ 90,00.

O presidente da Federação dos Arrozeiros do Estado (Federarroz) e representante da entidade na Câmara Setorial Nacional do Arroz, Alexandre Velho, salienta que a orientação é para o produtor abastecer e regulamentar o mercado. Diz ainda que os produtores são contra a retirada da TEC. Também revela que os ministérios da Agricultura e da Economia garantiram, na semana passada, que não vão mexer na tarifa porque entendem que, após muitos anos, o arrozeiro está obtendo valores superiores aos dos custos de produção.

Santos ressalta que as experiências com a importação de terceiros mercados historicamente são traumáticas. “Geralmente o ano seguinte foi de estoques altos e baixos preços e intervenções do governo para reduzir a oferta”, recorda. A retirada da TEC precisa de anuência dos demais integrantes do Mercosul.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895