Plantio do trigo começa ainda neste mês no Rio Grande do Sul

Plantio do trigo começa ainda neste mês no Rio Grande do Sul

Exportação, com oportunidades abertas pela guerra no leste europeu, é estímulo para ampliação da área cultivada com cereal nesta safra

Patrícia Feiten

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Estimulados pelas boas perspectivas de exportação e pela necessidade de compensar as perdas contabilizadas com a safra de verão devido à estiagem, produtores iniciam nesta semana a semeadura do trigo em algumas regiões do Rio Grande do Sul. Mesmo com as limitações de crédito, a expectativa é que as altas cotações do cereal e a demanda internacional levem a uma expansão da área cultivada no Estado, que no ano passado chegou a 1,17 milhão de hectares, de acordo com dados da Emater-Ascar/RS.

Segundo o diretor executivo da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado (FecoAgro-RS), Sergio Feltraco, o plantio do trigo deve começar pelos municípios do noroeste gaúcho, como Santa Rosa, e pela região das Missões – as áreas de soja e milho que sofreram os maiores impactos da estiagem no verão. A Rede Técnica Cooperativa (RTC), que reúne 30 cooperativas associadas à CCGL, divulgará na próxima semana uma nova estimativa de plantio em sua região de abrangência para a safra 2022 - no levantamento anterior, em abril, a projeção era de expansão de 12,1% nas lavouras. “Temos informação, com produtores de sementes, de que há no Rio Grande do Sul disponibilidade suficiente para aumento de até 25% na área”, diz Feltraco.

Enquanto as operações de crédito subsidiadas no âmbito do Plano Safra 2021-2022 continuam travadas, um termômetro da aposta no trigo é a comercialização antecipada do cereal, cuja colheita começa em setembro. Cerca de 400 mil toneladas da commodity já foram negociadas com tradings, afirma Feltraco. “(Possivelmente), teremos um ano de liquidez do produto tanto para o consumo interno quanto para exportação, e o Rio Grande do Sul se torna um player importante nessa configuração exportadora”, afirma o executivo.

Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores mundiais de trigo, o cenário internacional abre oportunidades para os agricultores brasileiros, observa o agrônomo Gustavo Posser, supervisor comercial da Biotrigo Genética, de Passo Fundo. Segundo Posser, o mercado de sementes certificadas está aquecido, o que reforça as projeções de aumento da área plantada neste ano. “O produtor que está decidindo agora comprar semente não consegue mais escolher a cultivar que desejaria, está indo para a segunda ou terceira opção”, destaca.

Do ponto de vista da tecnologia, Posser diz que esta safra marcará o ingresso de uma nova cultivar de trigo, que promete o melhor nível de resistência genética à giberela e baixos níveis de microtoxinas. Batizada de TBIO Trunfo, a variedade desenvolvida pela Biotrigo já está disponível em todas as regiões tritícolas do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná. “Por ser um produto novo, a expectativa é que ela atinja um percentual (ainda) baixo de área neste primeiro ciclo, mas com o passar dos anos vá aumentando pelo desempenho que vai entregar no campo”, afirma o agrônomo.

 


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