Setor florestal apoia venda de terras para estrangeiros, mas sugere alterações em PL

Setor florestal apoia venda de terras para estrangeiros, mas sugere alterações em PL

Entidades acreditam que iniciativa deve prever incentivo ao desenvolvimento regional

Danton Júnior

Expectativa é de que a liberação pode trazer benefícios ao setor florestal

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A liberação da venda de terras para estrangeiros pode representar investimentos importantes para o setor de florestas plantadas, mas o projeto de lei sobre o tema em tramitação no Congresso deve ser aperfeiçoado, segundo entidades do segmento. A principal preocupação é de que os compradores tenham o compromisso com o desenvolvimento das regiões onde ficam as terras adquiridas. A posição foi manifestada recentemente durante reunião da Frente Parlamentar da Silvicultura da Assembleia Legislativa.

A Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor) está debatendo o tema com os seus associados, mas segundo o presidente do conselho, Diogo Leuck, o entendimento atual é de que a proposta pode ser melhorada. Ele afirma que o projeto atual é “vago” e que a liberação da venda de terras a estrangeiros deve contar com alguma regulamentação que prevê o investimento no desenvolvimento econômico da região. Leuck ressalta que 25% do território de um município, limite estabelecido pelo projeto, pode representar uma grande área de terra em determinados municípios. “Isso não garante o desenvolvimento econômico e social da região”, acrescenta.

Opinião parecida tem o presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel, Papelão, Embalagens e Artefatos de Papel, Papelão e Cortiça do RS (Sinpasul), Walter Rudi Christmann. “O projeto é importante e deve existir, mas o comprador de terras do exterior tem que ter um envolvimento de não só comprar a área, plantar a floresta e levar a floresta”, defende o dirigente. "Ele tem que fazer um projeto integrado para deixar renda aqui”, diz.

Apesar das sugestões, o entendimento das entidades é de que a liberação pode trazer benefícios ao setor florestal. Hoje, o país conta com duas empresas de capital nacional que produzem celulose, a Klabin e a Suzano. Os demais grupos contam com capital externo. “Temos a expectativa de que a CMPC queira fazer uma nova fábrica, ou que venha um outro player”, observa Christmann. No entanto, ele ressalta que os players nacionais já estão envolvidos em outros projetos.

“Precisamos construir um caminho que proteja a soberania nacional e não prejudique o agricultor brasileiro. E, definitivamente, não é este o projeto que está aí”, argumenta o coordenador da Frente Parlamentar da Silvicultura, Elton Weber. O PL 2963/2019 aguarda a constituição de comissão temporária na Câmara dos Deputados. 


Correio do Povo
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