Volume de exportação faz com que mercado de arroz apresente recuperação
Alimento deverá ter acréscimo no preço
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A conjuntura de mercado pode levar o arroz a alcançar novos patamares de preços nas gôndolas dos supermercados, segundo o presidente da Federação de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho. Entre os fatores que vão elevar o valor do alimento estão as exportações – favorecidas pela abertura de novos mercados e pelo câmbio – , o aquecimento no consumo interno, que deve crescer 2,9% em 2020, e um freio na produção, imposto pela redução da área plantada.
“Estou otimista. Acho que os grãos vão pegar carona com a carne”, afirmou Velho, durante apresentação à imprensa da análise que a entidade fez de 2019 e projeções para 2020, nessa terça-feira, em Porto Alegre.
No mercado externo, o país trabalha na consolidação dos embarques para o México (11 contêineres já foram enviados neste ano e mais 20 mil toneladas devem ser confirmadas em janeiro) e na continuidade das exportações para países como Costa Rica e Iraque.
Os embarques para a Venezuela, um dos principais destinos, devem se manter em 2020, com a intermediação da China, que recebe petróleo do país sul-americano. Os Estados Unidos, tradicionais fornecedores do mercado mexicano, registraram redução na produção. Além disso, Índia e China, os dois principais consumidores do grão, estão reduzindo a produção, na ordem de 1% e 2%, respectivamente.
O volume exportado pelo Brasil, inicialmente projetado em 900 mil toneladas pela Conab, deve chegar a 1,2 milhão de toneladas em 2019, segundo a Federarroz. O país já chegou a exportar 1,9 milhão de toneladas, em 2011, mas a média dos últimos anos ficou em torno de 1 milhão de toneladas. Tradicionalmente, o Brasil também importa cerca de 1 milhão de toneladas por ano.
Mercado interno
Velho acredita que o setor tenha potencial para aumentar o volume de exportação em mais 20%, sem prejudicar o abastecimento interno. “Não vejo ameaça de desabastecimento, vejo um ajuste muito grande no estoque de passagem”, ressalta, observando o volume disponível no final do ano agrícola da cultura, em fevereiro, fique “muito pequeno ou próximo de zero”.
Segundo o presidente da Federarroz, o novo patamar de preço deve ter pouco impacto na mesa do consumidor, uma vez que o arroz é um produto relativamente barato – o quilo é vendido em média a R$ 3,13 nos supermercados gaúchos. A evolução, porém, ainda depende da confirmação da safra brasileira, que segundo a Conab deve ficar em 10,5 milhões de toneladas. No Rio Grande do Sul, a produção deve se manter próxima dos 7,3 milhões de toneladas do ciclo passado, porém em uma área menor. Velho acredita que o tamanho da lavoura fique abaixo de 940 mil hectares.
Mudanças
Para que o cenário resulte também em preço mais favorável ao produtor, seria necessário superar a barreira dos R$ 50,00 a saca. Hoje, o arroz é vendido em média a R$ 49,00. Porém, poucos produtores ainda tem o produto disponível, já que a maioria vendeu toda a safra a valores inferiores a R$ 45,00. Mesmo assim, Velho acredita que o preço da saca possa chegar a R$ 50,00 em 2020. O atraso ocorrido no plantio do ciclo 2019/2020 também influencia as cotações, já que em razão disso não haverá grande oferta do grão em fevereiro.
Para 2020, a Federarroz considera importante que seja dado andamento a temas como a reforma tributária, que pode garantir mais competitividade ao arroz, e a compra de insumos nos países do Mercosul, que hoje não é permitida. De acordo com Velho, esta última proposta tem encontrado um olhar favorável do Ministério da Economia. A abertura oficial da colheita ocorre de 12 a 14 de fevereiro, em Capão do Leão.