Acampamento Farroupilha híbrido mantém tradição acesa no coração dos participantes no Harmonia

Acampamento Farroupilha híbrido mantém tradição acesa no coração dos participantes no Harmonia

Há determinadas restrições de presença de público no local em função da pandemia de Covid-19

André Malinoski

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O Acampamento Farroupilha acontece de forma híbrida no Parque Harmonia, em Porto Alegre. Em razão da pandemia da Covid-19, não há piquetes montados e as apresentações e shows diários no local ocorrem por meio de transmissões virtuais. Entretanto, os visitantes podem circular pela área externa onde há à disposição seis ilhas gastronômicas integrantes do projeto Brasa Farroupilha.

As restrições impostas pelas autoridades de saúde são lamentadas pelos participantes mais antigos do acampamento. “É um vazio na alma do gaúcho. Estamos acostumados com a lida campeira aqui, mas faz parte”, afirmou Jair de Castro, de 45 anos, do CTG Sentinela dos Pampas. “Fica bem difícil, mas estamos presentes para acompanhar a Chama Crioula e os festejos”, completou a esposa Cristina Peres, 45, que aproveitava para tomar chimarrão na manhã deste domingo.

Entre os protocolos sanitários há medição de temperatura na entrada, disponibilidade de álcool em gel em pontos estratégicos e respeito ao distanciamento social, além do uso de máscara de proteção facial. Conforme o consórcio GAM 3 Parks, responsável pela gestão do Parque Harmonia, está permitida a presença de 120 pessoas no entorno da área do parque e no setor de alimentação. Outros 80 visitantes podem acompanhar os shows que têm exibições pela internet.

“Trabalho desde 2003 na organização do Acampamento Farroupilha”, lembra o conselheiro da Fundação Cultural Gaúcha, Claudio Ourique, de 69 anos. “Conseguimos ter nosso piquete em 2019, mas logo no ano seguinte veio a pandemia e ficou dessa maneira”, acrescenta. O tradicionalista tem receio de que, a partir das melhorias previstas que serão feitas pela nova gestora do parque, o espaço dos piquetes fique menor. “Acho que vai diminuir muito o número dos acampados no Harmonia”, diz. A irmã Beatriz Ourique, de 63 anos, espera que não aconteçam mudanças significativas. “Temos esperança de que a cultura de nossas tradições não perca a caracterização”, pondera.

O tradicionalista José Severiano, 51 anos, tirava fotos dos filhos Toni, 6 anos, e Bianca, de 11 anos, na estátua em homenagem ao ícone da música tradicional gaúcha Jayme Caetano Braun. “A gente sabe que essas restrições são por uma boa causa e acontecem em função da gravidade da pandemia”, reflete. A esposa Rita Baldoni, 46 anos, tem opinião semelhante. “O acampamento é onde está a cultura, mas é uma perda necessária. Não podemos aglomerar”, reconhece. O casal participa do acampamento há 22 anos.

A Semana Farroupilha apresenta nesta edição uma websérie em que aborda a origem e o significado da Chama Crioula do Estado. A série e o evento deste ano homenageiam o bicentenário de nascimento da heroína Anita Garibaldi, que participou da Revolução Farroupilha (1835-1845), entre outras batalhas.

A Chama Crioula está acesa no Acampamento Farroupilha e permanece protegida por guardiões. O casal Daniela Santolin, 45 anos, e Márcio Carvalho, 48, ambos do CTG Laço da Querência do Clube Professor Gaúcho, estavam de sentinela ao lado do símbolo gaúcho no período das 9h às 9h30min. “É bem interessante reviver isto, porque já fui primeira prenda e agora minhas filhas também fazem a mesma coisa”, observa Daniela. “É muito emocionante”, concorda o marido. Na sequência, o casal cedeu lugar para as filhas Isabela, 17 anos, e Rafaela, 11. Neste momento ocorre um breve ritual em que se grita “pelo Rio Grande, pelo Brasil”. Para Isabela, “é muito importante conhecer a tradição e transmitir o passado de geração para geração.” 

A tradicionalista Vera Aguiar, de 66 anos, do CTG Lanceiros da Zona Sul, é a guardiã oficial da Chama Crioula desde 2003. “O tempo de guarda é de 30 minutos por dupla. A proteção começa diariamente às 8h”, explica. O ato é motivo de orgulho para os participantes. “Protejo a chama com a minha vida”, comentava Vera, emocionada, para as pessoas que acompanhavam a troca de guardiões. A Chama Crioula será extinta às 18h desta segunda-feira.

A programação se estende até o feriado do dia 20 de setembro. Serão mais de 20 shows, websérie e apresentações especiais todos os dias. As transmissões são realizadas pelo canal Festejos Farroupilhas no YouTube, pelo Instagram e pelo Facebook. O projeto recebe apoio financeiro por meio da Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul.

Confira a programação cultural deste domingo e do feriado:

DOMINGO

18h-18h15: Websérie
18h15-18h30: Apresentação 19 Indicação - Invernada Rancho da Saudade
18h30-18h45: Apresentação 20 Indicação - Cesar Vieira (Acamparh)
18h45-19h: Apresentação 21 Indicação - Aspergs
19h-20h: Ita Cunha
20h-21h: Leonel Gomes

SEGUNDA-FEIRA

18h-18h15: Websérie
18h15-18h30: Apresentação 22 Indicação - MTG - ao vivo
18h30-18h45: Apresentação 23 Indicação - MTG - ao vivo
18h45-19h: Apresentação 24 Indicação - MTG - ao vivo
19h-20h: Machado e Marcelo do Tchê
20h-21h: Tchê Barbaridade
21h-22h: Os Fagundes.


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