Ação de alunos garante permanência de cães em escola de Canela

Ação de alunos garante permanência de cães em escola de Canela

Animais foram acolhidos por estudantes da Escola Estadual João Corrêa

Halder Ramos

Cães foram adotados por estudantes de escola de Canela

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Os estudantes da Escola Estadual João Corrêa, em Canela, deram exemplo de união e amor aos animais. O colégio abriga dois cães comunitários. No entanto, a 4ª Coordenadoria Regional de Educação recebeu denúncia anônima pedindo a remoção dos animais. Após a queixa, a direção da João Corrêa foi orientada pelo departamento jurídico da 4ª CRE a tomar providências. Os alunos iniciaram então campanha pela permanência de Gorda e Chorão, com cartazes, abaixo-assinado e vídeo em redes sociais. O caso repercutiu na comunidade e, nesta segunda-feira, a diretora Nubiane Gama foi informada pela Coordenadoria de que os mascotes poderiam permanecer.

Conforme a diretora, a denunciante seria mãe de um aluno e teria reclamado que o filho levava pulgas para casa. “Os animais são castrados e estão com a vacinação em dia. Na sexta-feira, um médico veterinário atestou as condições de saúde deles. São muito dóceis e protegidos por todos na escola”, diz Nubiane. Ela explica que a mobilização partiu dos estudantes. “Os cachorros ensinam lições de solidariedade, empatia e carinho. O acolhimento deles na escola é muito positivo.”

Apesar de não saber precisar, ela acredita que os cães tenham chegado em 2017. “Vieram após um temporal e foram ficando. Os alunos compram ração e fazem campanhas para adquirir o que precisam. Quando termina a ração, eu também compro”, conta Nubiane. Segundo a diretora, os cães ficam na escola durante o dia. “Eles não fazem sujeira. São bem higiênicos. Quando fechamos o colégio, saem e, no turno da manhã, voltam.”

Os cachorros contribuem para a posse responsável e no ambiente pedagógico. Na disciplina de Língua Inglesa, os alunos do 1º ano do ensino médio fizeram cinco camas para pets. “Fomos desafiados pela professora a usar materiais recicláveis. Fizemos as camas com pneus velhos e iremos doar as que sobraram para os cães soltos pela cidade”, conta a estudante Eduarda Hugentobler, 15 anos. Os alunos buscam conseguir a doação de um pneu de caminhão para fazer a cama da cadela Gorda. “Ela é muito grande e não coube na caminha que fizemos. Precisamos de um pneu maior”, diz Mariane Castilhos, 15. 

Para o vídeo, os estudantes organizaram roteiro, captaram imagens e fizeram a edição. “Em menos de 24 horas, estávamos com o material pronto e publicamos no Facebook. O vídeo teve mais de 10 mil visualizações e 900 compartilhamentos”, relata Karol Rocha, 16. “Sentimos que a escola ficou mais unida em função do episódio”, completa Thiago Macedo, 15.

A titular da 4ª CRE, Janice Moraes, lamenta que a denúncia tenha sido feita de forma anônima. Conforme ela, a coordenadoria convocou a diretora para prestar orientações sobre como a escola deveria proceder. Ela destaca que a CRE nunca foi contra a permanência dos animais na instituição e cita a lei estadual 15.254/2019, que dispõe sobre os animais comunitários. “Em janeiro, o governador Eduardo Leite sancionou a lei. Também o programa Cipave Mais agregou o eixo de proteção aos animais. Eles poderão ficar, sim, desde que seja atendido o disposto na legislação”, garante. 


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