Amzop e MP demonstram preocupação com falta de insumos nos hospitais

Amzop e MP demonstram preocupação com falta de insumos nos hospitais

Falta de soro fisiológico é um dos principais problemas

Agostinho Piovesan

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Dezenas de secretários de Saúde e outros gestores do setor se reuniram na tarde de sexta-feira na sede da Associação dos Municípios da Zona da Produção (Amzop), em Seberi. O encontro foi conduzido pelo prefeito de Frederico Westphalen, José Alberto Panosso, presidente da Amzop. Ele citou vários desafios na área da saúde, temas comuns que posteriormente foram abordados pelo diretor técnico da Famurs, Paulo Azeredo. “Um dos problemas é a falta de insumos nos hospitais, especialmente de soro fisiológico, pois empresas participaram de processos licitatórios, mas não estão entregando o produto, fato que deveremos comunicar ao Ministério Público”, disse Panosso.

Panosso anunciou que nos próximos dias irá entregar um manifesto à secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, solicitando uma solução quanto à falta de medicamentos e insumos nos hospitais. “Esta é uma situação que precisa de atenção especial, pois trata justamente da vida, da saúde das pessoas”, ponderou. Durante o encontro, o assessor da Famurs, Paulo Azeredo fez ampla explanação de vários temas comuns e de interesse dos secretários de Saúde. Ele respondeu questionamentos, tirou dúvidas e deu orientações importantes que irão nortear a atuação dos gestores da área da saúde.

MP promove reunião

Ainda na sexta-feira, o Ministério Público de Frederico Westphalen promoveu uma audiência com a presença da 2ª Coordenadoria Regional de Saúde, direção do Hospital Divina Providência (HDP) e representantes de hospitais da região. Foi discutido, no encontro coordenado pelo promotor público do município, João Pedro Togni, a falta de soro fisiológico nos hospitais, insumo utilizado na maioria dos procedimentos.

Togni informou que há poucos dias recebeu dois ofícios do Hospital Divina Providência relatando a dificuldade para aquisição de soro. “O objetivo da audiência é comunicar a população sobre este problema, debater alternativas e propor um plano de contingência que possa contemplar a suspensão de procedimentos eletivos, visando que haja soro para garantir os procedimentos de urgência e emergência”, disse.

Os representantes dos hospitais relataram as mesmas dificuldades para compra do soro fisiológico, situação que persiste desde dezembro do ano passado. Disseram que o problema principal envolve falta do produto no mercado e também o superfaturamento, sendo que o soro fisiológico de 1.000 ml, que era vendido a R$ 4, está sendo comercializado por quase R$ 10. Ainda segundo os gestores da maioria das casas de saúde, os estoques do produto não devem ser suficientes para mais de 15 dias, com algumas exceções, mas não com prazo superior a 30 dias.

No final do encontro, ficou acordado e registrado em ata que as medidas a serem adotada pelos hospitais são a suspensão dos procedimentos eletivos, definir os procedimentos que são prioritários e a realização do mapeamento dos estoques de soros nos hospitais e municípios da região de Frederico Westphalen. Igualmente, ficou definido que as cidades que têm pacientes realizando hemodiálise no HDP de Frederico Westphalen devem fornecer a quantidade de soro fisiológico necessária para os atendimentos.

Na ata, também ficou registrado que os hospitais vão formalizar à 2ª CRS a situação, apontando se enfrentam a falta de soro, quantidade em estoque e período de duração, bem como a necessidade de suspensão dos atendimentos eletivos, para que a regional comunique a Secretaria Estadual de Saúde, visando que o órgão também adote medidas urgentes a fim de minimizar a situação.

“A primeira medida que temos que acordar é a suspensão dos procedimentos eletivos, pois não ingressa num rol de prioridades, e essa demanda tem que ser levada à SES pela 2ª CRS, disse o promotor Togni. Já nesta semana, devem ser elencados os procedimentos prioritários, mapear os estoques dos hospitais e qual será o encaminhamento sobre o cumprimento de metas dos hospitais, que tem que ser negociado com a SES.

Uma das preocupações dos hospitais que trabalham no regime de contratualização, ou seja, recebem de acordo com os procedimentos realizados, é que, em uma eventual suspensão dos procedimentos eletivos, venham a sofrer cortes nos repasses do governo estadual, dificultando ainda mais a situação das casas de saúde. “Solicitamos que essas informações sejam levadas à população, para que não venhamos a ter um problema onde os cidadãos que, logicamente e até justamente, fiquem revoltados pela falta de insumos, mas não venham culpar os hospitais”, destacou Togni


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DESDE 1º DE OUTUBRO 1895