Bombeiros tentam conter incêndio na Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande

Bombeiros tentam conter incêndio na Área de Proteção Ambiental do Banhado Grande

Pelo menos quatro equipes seguem diretamente envolvidas no combate as chamas

Eduardo Amaral

Nos dois pontos do banhado o acesso se dá através de fazendas próximas ao local, e só é possível percorrer uma parte do trecho de carro

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Quatro equipes dos bombeiros ainda trabalhavam na manhã desta sexta-feira para combater focos de incêndio no Banhado Grande, Área de Preservação Permanente (APP) com cerca de 137 mil hectares que se estende entre os municípios de Glorinha, na região Metropolitana, e Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte. O primeiro registro de incêndio no local aconteceu no dia 4 de abril, e ao longo do mês o problema voltou a se repetir.

Os maiores incêndios foram registrados na quinta-feira, no município de Glorinha, e envolveu diversas equipes dos bombeiros e o uso de apoio aéreo para combater as chamas. Na manhã desta sexta-feira, os oficiais buscavam pontos mais localizados de fogo, já que as chamas já tinham chegado a Santo Antônio da Patrulha. Pelo menos quatro equipes estavam diretamente envolvidas no combate aos focos de incêndio, duas em cada um dos municípios atingidos. 

Comandante do 1º Pelotão do 8° Batalhão de Bombeiro Militar (BBM), o tenente Adriano da Silva, diz que dois fatores causam dificuldade para acabar com fogo, a dificuldade de acesso e o tipo de vegetação, propícia que auxilia para que as chamas se espalhem. “A gente consegue combater por cima, mas ele fica por baixo e vai queimando a vegetação.” Segundo ele, o regime de ventos foi determinante para a chegada do fogo em outro município. “Os ventos sopram no sentido sudoeste, é o chamado minuano, que sopra em direção a Santo Antônio da Patrulha.” 

Nos dois pontos do banhado o acesso se dá através de fazendas próximas ao local, e só é possível percorrer uma parte do trecho de carro. De acordo com o presidente do Comitê de Gerenciamento do da Bacia Hidrográfica do Rio Gravataí, Marthin Zang, os impactos no rio ainda não puderam ser avaliados bem como das causas do incêndio. “É Difícil de fazer prognósticos. O banhado está sem água. O fogo é consequência da seca e pode ser causa de problemas adicionais, além, claro, das perdas e danos ambientais.” Uma reunião do Comitê estava agendada para o dia 14 de abril, mas foi adiada em razão das medidas de isolamento para prevenção do novo coronavírus.

O Banhado Grande abrange dois biomas,  Pampa e a Mata Atlântica, e ocupa dois terços da bacia Hidrográfica do rio Gravataí. Chefe do  Departamento de Biodiversidade (DBIO), Diego Melo, acredita que os animais não foram tão afetados pelos incêndios. “O fogo se alastrava em uma velocidade baixa, qualquer outro tipo de fauna que não pequenos organismos, tem condições de escapar das chamas”, diz Melo. A preocupação maior é em relação à vegetação. Ainda assim, ele diz que o fogo ficou bastante concentrado, e que o banhado tem uma capacidade de recuperação rápida. Quase totalidade dos focos foi registrado em Glorinha. Um relatório completo deve ser apresentado após as chamas serem completamente extintas, dando maior precisão sobre o impacto dos incêndios.


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