Candidata a reitora da UFPel denuncia ofensas racistas em reunião virtual

Candidata a reitora da UFPel denuncia ofensas racistas em reunião virtual

Durante encontro online, Miriam Alves, representante da chapa 4, foi ofendida de forma anônima

Angélica Silveira

publicidade

Integrantes da chapa 4 nas eleições para a reitoria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) denunciaram que foram vítimas de ataques racistas nessa quinta-feira. A UFPel Raiz realizava uma reunião ampliada em uma sala virtual quando o ataque ocorreu. A candidata à reitora e professora do curso de Psicologia, Miriam Alves conta que 100 pessoas estava online e outras 60 aguardavam em uma lista de espera vaga para entrar quando ocorreram as ofensas. 

O primeiro turno das eleições da nova reitoria da UFPel está marcado para setembro e o segundo, para outubro. A reunião tinha como objetivo apresentar propostas para a comunidade acadêmica e também externa. “Outros integrantes da minha chapa já tinham falado e eu estava apresentando pontos do programa de gestão.

No momento em que falava sobre democracia e autonomia universitária em torno de seis pessoas invadiram a sala e começaram a chamar de "macaca entre outras ofensas”, relatou Miriam. Ela confirmou que a equipe de crise entrou na sala e tentou rastrear os invasores, mas eles se esconderam atrás de imagens falsas. “Além das ofensas racistas, eles ameaçaram as pessoas presentes individualmente e coletivamente. Estamos tomando providências pois fomos ofendidos criminalmente”, lamenta a professora, que há quatro anos mudou-se de Porto Alegre para trabalhar na UFPel, após ser aprovada em concurso público.

“Precisamos construir uma sociedade antirracista”

Ela conta que a violência racista vivencia cotidianamente, mas toda a vez que aparece desta forma escancarada, como foi na noite de quinta-feira, se sente atingida. “Isto ofende, diminui. Temos uma sensação de impotência e nos dá a certeza de que precisamos construir uma sociedade antirracista”, observa.

Para ela, quando se coloca como chapa postulante a reitoria é um sinal que a UFPel precisa ser antirracista. “O que ocorreu também foram ataques a democracia, de pessoas que não querem que a universidade seja livre e democrática e isto só irá ocorrer ser construirmos uma sociedade antirracista”, opina.

UFPel acionou Polícia Federal

Ainda na noite de quinta-feira, a Universidade divulgou uma nota oficial lamentando a situação. “A administração da Universidade Federal de Pelotas vem a público repudiar, veementemente as manifestações racistas ocorridas durante o evento do grupo UFPel Raiz”, disse a nota. A gestão da Universidade confirmou que entrou em contato com a chapa e a Polícia Federal que irá investigar o caso. “A administração da Universidade não tolera qualquer tipo de discriminação, seja nos espaços (físicos ou virtuais) da Universidade, seja em qualquer outro local”, finaliza a nota.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895