Chegamos ao limite e por isso fizemos a ação em Cachoeirinha, diz procurador-geral de Justiça

Chegamos ao limite e por isso fizemos a ação em Cachoeirinha, diz procurador-geral de Justiça

Marcelo Dornelles explicou que operação recolheu mais informações sobre supostos desvios na administração municipal

Luiz Felipe Mello

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Uma nova etapa da operação Proximidade e o início da ação chamada de Ousadia foram deflagrados nesta quinta-feira, com o objetivo de apurar supostos desvios de recursos públicos a partir da prefeitura de Cachoeirinha, cidade da região Metropolitana. O procurador-geral de Justiça, Marcelo Dornelles, comentou as duas ofensivas do Ministério Público e relatou a realização de supostos encontros mensais para transferência de dinheiro em espécie, o que seria feito em malas e mochila. Além disso, Dornelles indicou que as provas contra o prefeito Miki Breier seriam contundentes. 

"Para nós foi uma surpresa a participação do prefeito. As provas levam direto à participação dele e não são indiciais. Elas são de participação direta e efetiva, inclusive com recebimento de valores em espécie. Como sabiam que a gente faz o rastreamento nas contas, as transferências eram em dinheiro, com encontros mensais com um empresário ganhador das licitações", relatou Dornelles. 

O procurador destacou que as operações de hoje foram realizadas por uma questão de necessidade. "Nós chegamos a um limite, ou seja, as coisas continuam a acontecer apesar de já termos feito uma operação anterior. Então, entendemos que era necessário o pedido de afastamento com a autorização do Poder Judiciário", explicou. 

Dornelles comentou que Breier sabia que era investigado pelo Ministério Público nos últimos meses. "A nossa preocupação maior foi porque, mesmo com um dos contratos suspenso pelo Tribunal de Contas, ele e outros integrantes do esquema conseguiram uma forma de validar o acordo e mantiveram o acerto referente à limpeza urbana", disse. 

Com as ofensivas de hoje, o Ministério Público conseguiu recolher mais informações sobre o suposto desvio de recursos, mas ainda não tem prazo para a finalização do processo. "Há informações sigilosas e outros dados que colhemos hoje. São processos complexos, volumosos, mas queremos tratar tudo com celeridade. O Tribunal de Justiça tem feito isso. Em um ano, tudo deve estar resolvido", acrescentou. 

O outro lado 

Após a operação, já no fim da manhã desta quinta-feira, o prefeito Miki Breier usou as redes sociais para se manifestar. "Mais uma vez fui alvo de denúncias falsas e um espetáculo foi formado na tentativa de desestabilizar o governo. Não tenho medo de nenhuma investigação porque jamais cometi qualquer irregularidade. Assim que eu tiver acesso aos autos do processo, irei prestar todos os esclarecimentos", afirmou nos seus perfis no Facebook e no Twitter.  

 

 

A prefeitura de Cachoeirinha emitiu uma nota sobre o assunto e assegurou colaboração na investigação do Ministério Público. "Em face a uma decisão judicial, o atual vice-prefeito de Cachoeirinha, Mauricio Medeiros, assume a gestão municipal a partir desta quinta-feira (30) pelo prazo de 180 dias. A Prefeitura de Cachoeirinha esclarece que seguirá colaborando com total transparência e abertura com os órgãos de controle, com o Ministério Público e com a Justiça para elucidação dos fatos. O Município adotará todas as recomendações judiciais, tais como suspensão e revisão de contratos questionados. Além dos esclarecimentos necessários, a prioridade da gestão é buscar soluções para que o cidadão e a cidade não sejam prejudicados com a descontinuidade de serviços", afirmou a administração. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895