Coleta seletiva em Alegrete completa dois anos com avanços e dificuldades na conscientização

Coleta seletiva em Alegrete completa dois anos com avanços e dificuldades na conscientização

Iniciativa tem obstáculos maiores na região central da cidade

Fred Marcovici

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Alegrete iniciou em 2019 as atividades da coleta seletiva de lixo. A secretária de Meio Ambiente, Gabriella Segabinazi, ressalta que após dois anos de implantação do processo realizado por meio de chamamento público para que as duas cooperativas de catadores da cidade fossem habilitadas a receber os materiais recicláveis que são coletados, o sistema ainda é prejudicado pela falta de consciência e de informação, mas também pela carência de interesse e descaso de muitos. “Em nossa cidade são colocadas duas lixeiras - uma para o lixo seco e outra para o molhado”, lembra.

A Secretaria de Meio Ambiente, adquiriu um caminhão e 100 unidades de contentores à época. Posteriormente, foram adquiridas outras unidades e atualmente, são 208 unidades nas ruas. Hoje, a coleta seletiva funciona com três garis e um motorista, com o custo mensal de R$ 10 mil. Cada contentor custa em torno de R$ 1,4 mil. São coletadas em média quatro toneladas de resíduos recicláveis por semana, totalizando em torno de 16 toneladas por mês.

Segabinazi reforça que em algumas ruas a coleta seletiva funciona de forma excelente, com a separação correta dos resíduos por parte dos moradores e há conservação dos contentores. “Os pontos mais críticos infelizmente são no centro da cidade, onde parte da população não colabora. Falta empatia, informação e descaso por parte de algumas pessoas, aspectos fundamentais para a reversão do cenário”, enfatiza.

Ainda assim, a secretária acredita nas possibilidades de melhora do quadro e até da conversão dos resíduos em riqueza. “Temos um trabalho sério e de conscientização, que vai das escolas ao público em geral. São trabalhos que induzem a expectativas otimistas. Precisamos de maior consciência e auxílio da população com a separação correta, pois os resíduos têm valor. Quanto melhor a separação do resíduo, mais ele rende. Quando ele se mistura, deixa de ser reciclável e deixa de gerar renda. Os resíduos coletados são fonte de receita para as cooperativas dos catadores. Nós geramos muitos resíduos e jogamos muito fora. Estamos pisando em dinheiro”, alerta a secretária.

Trabalho conjunto

Segundo ela, a estruturação de um sistema de seleção dos resíduos por cooperativas de catadores, além do engajamento de grupos empresariais na redução de resíduos e no desenvolvimento de compostagens, ajudará na mobilização dos cidadãos em prol da coleta e separação dos resíduos. “Vamos trabalhar a cada dia por mais consciência, não permitindo que nossos esforços de separação dos resíduos sejam sabotados por atos isolados. A coleta seletiva não é só no nome. É um conceito de futuro sustentável. É lamentável que algumas pessoas destruam o patrimônio público, que é de todos, com todo o tipo de depredação, colocando inclusive fogo nos contentores ou utilizando da maneira incorreta”, explica.

Conforme a gestora, simples ações como manter as tampas dos contentores fechadas evitam o mau cheiro e a proliferação de insetos. “Cabe lembrar que pela Política Nacional dos Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010) a responsabilidade é compartilhada, todos somos responsáveis pela destinação correta”, finaliza a secretária.


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