Dois Irmãos vive epidemia de dengue entre moradores

Dois Irmãos vive epidemia de dengue entre moradores

Cidade registrou 388 casos positivados e quase mil notificações em 30 dias

Fernanda Bassôa

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O número de pessoas positivadas para a dengue, que nesta sexta-feira chegou a 388, e as 988 notificações para a doença, em um período de 30 dias, coloca a cidade de Dois Irmãos em alerta máximo entre os municípios de Vale do Sinos. O último boletim epidemiológico divulgado pela Prefeitura contabiliza ainda outros 327 casos em análise e indica que pelo menos três pessoas estão internadas no hospital da cidade devido aos sintomas da doença, que é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.

A secretária de Saúde, Júlia Lopes de Oliveira, considera que a cidade vive uma epidemia de dengue. Segundo ela, o primeiro caso positivo foi registrado em 16 de fevereiro. “No dia 17 havia duas pessoas com dengue na mesma família. Em 25 de fevereiro este número subiu para oito. Em três semanas a doença se espalhou rapidamente, saindo do controle.” O Aedes Aegypti é transmissor do vírus da dengue, chicungunya, Zika e da febre amarela urbana. 

Os bairros onde há mais incidência da doença são Primavera, Moinho Velho, Navegantes, Centro, Sete de Setembro, Vale Verde, Portal da Serra, São João e Floresta. “Com o aumento rápido e progressivo iniciamos a aplicação de inseticida nos principais pontos da cidade e reforçamos ainda mais as ações da campanha "10 minutos contra a dengue", com foco em orientar os moradores e eliminar os criadouros de mosquitos, além das vistorias domiciliares.” 

Segundo Júlia, a emergência do hospital e os postos de saúde do Município fazem os atendimentos de quem chega com os sintomas da doença. “Dois Irmãos é uma cidade organizada, sem focos de lixo ou entulhos. O que se percebe é que as pessoas aqui têm o costume de cultivar hortas e jardins. O foco do mosquito é encontrado nas cisternas, muito usadas ultimamente para captar água da chuva em razão da estiagem. Focos de larvas também são encontrados em bromélias e em ralos.”

Fraca, com febre e muita dor no corpo, Suiane Swatowski, teve que internar a mãe infectada pela dengue no hospital de Novo Hamburgo na última quinta-feira. Moradora do bairro Navegantes, ela conta que praticamente toda a vizinhança do local está contaminada pela doença.

 “A coisa tá feia e conforme os dias passam, fica cada vez pior. É um absurdo a negligência do Município com as pessoas. Minha mãe emagreceu 10 quilos em uma semana. O companheiro dela, que também está com a doença, não consegue mais levantar da cama. O hospital está lotado e os médicos não estão dando conta do atendimento. A cidade está suja, as praças estão largadas, daí não tem como as larvas não se criarem. Eu estou com bastante medo. É preciso que alguém tome uma providência.” 

A secretária de Saúde disse que as pessoas precisam colaborar, eliminando a água parada do quintal de forma manual, onde se criam as larvas. “O mosquito gosta de ambiente intradomiciliar. É preciso estar atento dentro de casa, usar repelente e descartar pneus corretamente. A recomendação clínica é que se a pessoa tiver febre, beba bastante água.” Focos de água parada podem ser denunciados pelo telefone (51) 3564-8871.

Na região

Em Estância Velha, cidade vizinha, os casos também seguem crescendo. A Prefeitura soma 196 casos suspeitos, 18 casos confirmados e 3 descartados. Os bairros onde há mais positivados são Sol Nascente, com 6 e Rincão dos Ilhéus, com 3 casos. Desta forma, equipes da Vigilância Sanitária seguem fazendo visitas domiciliares e vistorias para erradicar focos do mosquito transmissor da doença. Nesta semana foram vistoriadas 356 residências, somando a identificação de 499 focos de larvas do Aedes Aegypti. 

Sapiranga registra três casos confirmados da doença, além de oito suspeitos. Em Ivoti, são seis positivados e outros 52 suspeitos. Novo Hamburgo contabiliza outros 35 confirmados no município e outros 54 suspeitos que aguardam confirmação pelo Laboratório Central do Estado (Lacen). São Leopoldo tem um caso confirmado de dengue. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895